quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O valor da educação

Ouvi o relato de uma pessoa que esteve uma temporada na Suíça,  sobre a atitude de um homem que, participando de um encontro de amigos, dirigiu-se ao local de bicicleta, esteve lá por algumas horas e antes de ir embora, ligou para sua esposa ir buscá-lo, pois havia bebido uma taça de vinho.
Seus amigos patriotas não demonstraram nenhum espanto, mas para algumas outras pessoas, beber vinho e ir embora pedalando são atitudes incompatíveis.
Ao ouvir este relato fiquei pensando no valor da educação e em como ela faz parte da nossa formação e nos acompanha vida afora.
Aquilo que é valorizado na educação de determinada cultura forma seus cidadãos. Assim como o que é valorizado em determinada família formará seus membros.
Minha filha de cinco anos recusou um convite para andar sem cinto de segurança no carro de um tio. Sua atitude fez-me avaliar nossa postura, enquanto pais, em relação à segurança dos pequenos e em como nos posicionamos frente a esta situação.
A formação consciente de valores, assim como a interiorização de leis e regras é um legado que podemos deixar aos nossos herdeiros, mas também é algo que não se constrói pela imposição nem somente através da palavra e muito menos com constantes exceções à regra.
Buscar a coerência na educação dos filhos é algo fundamental. E como nós, adultos, somos incoerentes! Como falamos muito e fazemos pouco! Como abrimos exceções!
Porém, o que é valorizado fica claro para os filhos, mesmo que não falemos a respeito disso. É absorvido pelas crianças, em sua busca constante de se tornar membro da família (como se já não fossem!). O que não é dito em palavras também é seguido e tido como exemplo aos olhos dos que nos observam 24 horas por dia!
Se queremos educar cidadãos, temos que ser um deles. Se queremos educar seres autônomos, temos que saber sê-lo.
Voltando ao exemplo do suíço, “se for dirigir, não beba” não pode ser apenas um slogan a ser repetido em rodas de amigos, mas deve ser uma atitude compreendida internamente pelo adulto, respeitada e seguida para que a criança possa internalizá-la.
Quantas vezes nós, brasileiros, tomamos uma cervejinha no fim de semana, reunidos à família e voltamos para casa dirigindo, com nossos filhos (que nos acompanharam durante todo o dia e viram o que estávamos fazendo!) no carro? E em outra ocasião repetimos a famosa frase de que se for dirigir não deve beber! Quando fazemos isto, ensinamos que não se respeitam leis que servem para nossa segurança e que, apesar da existência  delas, podemos transgredi-las!
O mesmo raciocínio e reflexão servem para outras regras de segurança. Já o que se refere a respeito, honestidade, educação ambiental e outros valores é algo mais complexo e mereceria ser tratado em outro texto.
Contudo, o que quisermos deixar de ensinamento para nossos filhos precisa começar por nós mesmos.
Dri

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Premiação e Castigo



É  muito comum os adultos utilizarem o recurso da premiação para reforçar uma atitude que consideram positiva no comportamento da criança.
Do mesmo modo, costumam castigá-la quando fazem algo errado ou que desagrada ao adulto.
Ando pensando nestas duas atitudes tão comuns entre pais e educadores. Elas são, sem dúvida, tentativas de corrigir o que não está bom no comportamento da criança e guiá-la na aquisição de atitudes que sejam importantes para seu crescimento, para a boa convivência social, assim como para manter a organização de um grupo.
Porém, questiono-me se todas elas levam a criança a adquirir consciência dos seus atos e a se responsabilizar por eles.
Piaget já havia escrito sobre a diferença entre castigo e sansão, dizendo que o castigo não é uma atitude educativa. Ao passo que sansão é aquela atitude que leva a criança a tomar consciência do que fez e se responsabilizar pelos seus atos.  Ou seja, é uma atitude educativa.
Nesse sentido, a premiação faz com que a criança se concentre em querer ganhar o prêmio, seu estímulo está em ser premiada e não em agir de acordo com as regras sociais ou do grupo ao qual pertence. Esta atitude é condicionada pelo prêmio que ganhará. Seu foco não está onde deveria e a premiação não a conduz para a construção da responsabilidade sobre seus atos.

O castigo puro e simples, a meu ver, resolve o problema do adulto. A criança é controlada pelo castigo ou pelo medo do mesmo. Este, assim como o primeiro, também não leva à consciência dos próprios atos.

Tanto o castigo quanto a premiação, deixam a criança dependente da avaliação de um adulto e, posteriormente, de alguma outra pessoa ou instituição, afastando, dela mesma, a responsabilidade da avaliação a respeito de suas atitudes.
Como então, ajudar a criança a agir de maneira adequada à convivência social?
Não há uma receita e é difícil classificar atitudes como corretas ou incorretas, sem avaliar as pessoas em questão e o contexto no qual estão inseridas. Porém, pode-se pensar, em linhas gerais, em atitudes, perguntas e conversas para se ter com a criança que a levem a refletir sobre o que fez e suas conseqüências.
Sofrer as conseqüências de um ato e contar com um adulto para ajudar na reflexão a respeito do ocorrido pode levar a um grande aprendizado. Porém, para isto, há que se ter tempo e paciência!
No fundo, o que todos queremos, é contribuir para o crescimento integral e saudável dos pequenos, mas precisamos encontrar os meios corretos para alcançar nossos objetivos.
Promover a criança, reconhecer seus esforços, descobrir qual o tipo de inteligência possui e valorizá-la, encontrar meios de levar o conhecimento até ela da forma como possa compreendê-lo, convidá-la a participar de atividades importantes para o adulto, pedindo-lhe ajuda verdadeira são algumas estratégias que ajudam os pequenos seres humanos a se descobrir, conhecer suas habilidades e aprender a viver socialmente. Do mesmo modo, deixar a criança perceber as conseqüências negativas de um “mau feito” também a ajuda a refletir sobre como viver em harmonia com seu grupo social, contribuindo com o mesmo.
Em um grupo de crianças é importante que todas possam ajudar o adulto em suas tarefas, que possam construir as regras da boa convivência social juntamente com o mesmo, que tenham sempre alguém para ajudá-las a refletir sobre o que fizeram , que sejam convidadas a achar solução eficiente para o que deu errado e que possam, de fato, participar do andamento do grupo no qual estão inseridas. Seja na família, seja na escola.
Dri 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

É preciso promover a criança

Aqui no México é muito comum ver mães andando nas ruas, fazendo compras no supermercado, escolhendo filme na locadora com filhos pequenos. Estes sempre estão atrás de suas mães, prestando atenção nelas, enquanto elas fazem o que precisam. No Brasil é o contrario, as crianças estão na frente das suas mães, sendo cuidadas pelas mesmas, que não tiram os olhos da criança e fazem de tudo para que se sintam bem e sejam prontamente atendidas.
A possibilidade de poder observar e analisar duas culturas distintas, me fez lembrar do excesso de cuidado e proteção que via, com freqüência, nos pais brasileiros. Com medo dos filhos caírem, não os deixavam correr, assim como os impediam de subir em árvores para que não se machucassem. Também presenciava, com freqüência, o sentimento de pena dos pais em relação ao sofrimento do filhos, quando se desentendiam com algum colega na escola  e tantas outras situações, nas quais o medo do sofrimento do filho fazia com que os pais impedissem-no de viver situações comuns da infância.  Assim como, a pena que sentiam de ver os filhos se frustrarem, por algum motivo, os faziam suprir a criança com outros objetos e/ou situações que pudessem lhe proporcionar prazer imediato.
Sempre gostei de perguntar a estes pais, quando havia oportunidade, sobre seus próprios medos. Você, pai e mãe, tem medo que seu filho seja incapaz de superar um sofrimento? Por que o choro da criança, ao se frustrar, o mobiliza tanto?
Estas e outras perguntas podem ajudar o adulto a chegar em um lugar que, talvez, ainda não tenha visitado.
Os filhos irão olhar para si mesmos do mesmo lugar de onde os pais olham para ele. Melhor dizendo, os filhos, inicialmente, vêem o mundo e a si mesmos, através dos olhos dos seus pais. Se os pais os vêem como pessoas indefesas, frágeis, vulneráveis, eles irão criar esta mesma imagem sobre si mesmos.
O contrario também acontece. Quando a família vê a criança como uma pessoa capaz de resolver problemas, de achar caminhos alternativos quando algo dá errado, quando entende que a criança pode aprender a cuidar de si mesma e de seus pertences através de pequenas situações diárias, a criança também irá entender o mesmo sobre ela.
É preciso promover a criança! Propor a ela situações nas quais possa exercitar sua autonomia da maneira que consegue, com suas capacidades e limitações. A criança sente-se muito bem, orgulha-se de si mesma, quando seus pais lhe delegam tarefas verdadeiras de ajuda nos afazeres domésticos e cotidianos, por exemplo. Quando ela sente que acreditam na sua capacidade, progride,  olhando para si com a mesma crença. Isto ativa sua auto-confiança, sua criatividade e seu interesse por si mesma e pelo mundo que a cerca. Também ajuda-a a compreender o significado da cooperação e a construir a capacidade de conviver socialmente.
É importante, para o crescimento dos filhos, que  os pais os vejam com a idade que têm e não sei por quais motivos há a tendência de infantilizar a criança, tratando-a sempre como menos capaz do que é. Este tipo de postura frente a criança, quando muito comum, gera na mesma atitudes ambíguas como ser de um jeito mais infantilizado em casa e mais maduro na escola. Por isto é tão comum os pais dizerem: “não sei o que acontece, mas em casa meu filho nunca dá conta das coisas que faz com facilidade na escola.”
Promover a criança significa delegar a ela aquilo que acreditamos que é capaz de fazer, sem cobranças excessivas e ao mesmo tempo sem infantilizá-la. Ela  sentem-se bem melhor nestas situações  que quando a protegemos sem necessidade. Portanto, se estamos caminhando com nossos filhos, a fim de ajudá-los a crescer e se desenvolver, é preciso promovê-los!
Dri

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os estímulos para a infância

Tenho escrito muito sobre a cobrança social e o mercado de consumo porque vejo uma onda espessa e sempre crescente assombrando os pais atuais, no sentido de dizer-lhes como criar seus filhos e o que devem fazer para que esta função cumpra seus objetivos.

Desde que um casal engravida, começam as sugestões, quase obrigatórias, de quais livros ler, o que comprar para o enxoval do bebê, quais cursos deve fazer para se preparar para amaternidade e paternidade e assim por diante.

Há pouco tempo tive a oportunidade de ouvir uma nova mamãe (ainda grávida) contar tudo o que lhe disseram ser necessário para esperar o nascimento do bebê. Onde comprar os produtos, quais as marcas mais indicadas, a quantidade de cada coisa, etc. O curioso foi que a maioria dos aparatos necessários eram supérfluos e serviam para deixar a mãe livre de algumas de suas funções maternas, alem de liberá-la da deliciosa oportunidade de estar com sua cria.

Este mercado gigantesco de produtos a serem consumidos, para uma “educação de qualidade”, não para de crescer e parece não ter fim. Atrelado a ele vem a perigosa idéia de como garantir o sucesso dos filhos. Muitas aulas esportivas e artísticas, em lugares determinados, que caem na graça dos pais, farão da criança uma pessoa de sucesso, bem estimulada. Aliás, a palavra estímulo nunca falta, quando se trata da educação. E o que seria um bom estímulo? Há um termo técnico, nunca mencionado, mas sabido por muita gente, que é hiperassimilação. Em linhas gerais, significa que a pessoa assimila muitas coisas do meio, porém não pode se apropriar das mesmas devido ao excesso! Atualmente,a várias crianças sofrem deste mal!

Uma vez pescado por esta corrente mercadológica da educação-para-o-profissional-de-sucesso torna-se difícil enxergar o próprio filho. Antes disso, a visão para dentro de si mesmo torna-se turva, desfocada. Muitos pais atuais têm dificuldade de olhar para seus filhos, ocupados que estão em buscar, em seu meio social, o que devem fazer em cada etapa. Assim sendo, quando a criança apresenta um comportamento autêntico, ou sequer diferente do que haviam programado para ela, é vista como uma criança problema. No mínimo, interpretam que precisa da ajuda de um profissional, a fim de adquirir o que foi planejado para seu desenvolvimento. Nesta perspectiva, toda criança moderna precisa saber nadar, tocar um instrumento musical, dançar balet, se for menina e jogar futebol, se for menino, falar inglês aos três anos de idade, ler e escrever antes dos 6, dormir sem a presença dos pais, e por aí vai uma infinidade de comportamentos adequados e necessários.

Onde estaria o tão perseguido sucesso? No futuro? Na carreira? O que se espera para o filho é bom para ele ou para os próprios pais? Quando algum comportamento sai diferente do esperado, significa que houve uma falha na educação? O que dizer das crianças indomáveis por natureza? O que dizer daquelas que só conseguem fazer aquilo que tem sentido para elas e não se adaptam a situações programadas por adultos que estão distantes de seu universo infantil?

Estas crianças são as mais capazes de nos dizer o que é ser criança e o que uma criança realmente precisa. Para ilustrar, quero lembrar as inúmeras meninas, de 3 e 4 anos, que querem ser bailarinas! Não é raro uma menina querer ser bailarina. Isto está no imaginário das mulheres e é transmitido de geração em geração. Há magia na bailarina, em sua sapatilha de ponta, em seus rodopios e em seu saiote de tule. Pois bem, as meninas que manifestam empatia ou até mesmo uma identificação com esta personagem necessitam, mais que tudo, a oportunidade de desempenhar este papel, tal qual está em seu imaginário. Um par de sapatilhas, fantasias de tule e véus, confeccionados amadoramente, deixam qualquer criança pronta para ser a melhor bailarina de todos os tempos! Querer ser bailarina com 3 ou 4 anos nem sempre diz de querer ser uma profissional da dança. A menina-bailarina precisa de espaço e tempo para se desenvolver. Precisa do olhar delicado da família para valorizar sua imaginação.

Não é raro escutar pais e mães contando, perplexos, que suas filhas pediram muito para dançar balet, mas fazem algazarra durante as aulas e/ou não desenvolvem a coreografia programada no dia do festival! Estas crianças não têm um problema. Apenas são crianças necessitando exercitar sua criatividade, seu conhecimento de mundo e a busca por saber quem elas são. Ao contrário do que interpretaram sobre elas, precisam ser a bailarina que desejam, que conseguem compreender e não de aulas de balet para formar bailarinas.

A vida em família e a vida de uma criança pode ser mais simples e ao mesmo tempo mais profunda que o mercado de consumo nos propõe. Basta estarmos conectados conosco, atentos ao desenvolvimento dos nossos filhos, à sua maneira de ser e à própria infância. Assim estando, pode-se descobrir que os melhores estímulos para uma criança crescer feliz e se desenvolver bem estão na simplicidade da brincadeira tradicional, da convivência familiar e social.

Dri

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

3º Festival de Brincadeiras de Rua


3º FESTIVAL DE BRINCADEIRAS DE RUA

DIA 24/09/2011, DE 10:00 ÀS 12:00,
NA RUA CAMPANHA, BAIRRO CARMO EM BELO HORIZONTE.
ESTÃO TODOS CONVIDADOS!

3º Festival de Brincadeiras de Rua

A brincadeira está para a criança, assim com o trabalho produtivo está para o adulto.
A brincadeira promove a criança em sua qualidade de ser criança.
A brincadeira desenvolve potencialidades, é uma forma de comunicação, socializa, ajuda na compreensão de mundo e diverte!
Brincar é importante para o crescimento pessoal do sujeito. A criança que não brinca, padece.
Através dos jogos infantis e das brincadeiras, as crianças falam de si mesmas, inventam histórias, compreendem o mundo, organizam-se internamente, desenvolvem-se integralmente.
No mundo de hoje faz-se muito necessário iniciativas como esta do CLIC!, de fazer o Festival de Brincadeiras de Rua. É mais importante que nunca, gritar bem alto, para todo mundo ouvir, o quanto a brincadeira é importante e necessária.
Façamos isto por nossas crianças! Vamos todos brincar na rua do CLIC!
Bom divertimento!
Dri

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sobre a educação dos filhos e os manuais de como educá-los

Há alguns anos o mercado literário vem crescendo significativamente em relação aos títulos sobre como educar os filhos. Existe livro para todo tipo de filho: livro que ensina a educar meninos e livro que ensina a educar meninas, livro que ensina a criar um filho vencedor, a educar com limites, a criar filhos únicos e assim por diante.
Venho de  tradicional família mineira. Meus pais foram criados no interior, provenientes de uma família relativamente grande. Todos os filhos dos meus avós maternos e paternos são pessoas honestas, trabalhadoras, que formaram suas famílias, criaram seus filhos e viveram felizes, com todas as dificuldades, felicidades e infelicidades das pessoas humanas. Assim também são seus netos: pessoas normais, que souberam encontrar felicidade na vida que escolheram. Por esses motivos posso dizer que são pessoas bem sucedidas.
Na época dos meus avós não havia os tais livros de auto-ajuda, muito menos manuais de educação de filhos. As regras da boa educação eram transmitidas de geração em geração, com forte influência dos valores da Igreja Católica.
Os filhos desta geração também seguiram o mesmo caminho, apoiando-se em sua família de origem, nos valores por elas transmitidos e na educação católica que receberam.
Alguns filhos, quando adultos, refletiram e selecionaram, das atitudes e ensinamentos de seus pais, o que iriam repetir ou descartar para sua vida e para a educação de seus próprios filhos. Ainda assim, também os criaram com base em sua própria educação. A esta eram agregados os conhecimentos adquiridos fora de casa, as trocas de experiências, os estudos, as leituras e o acompanhamento do mundo, assim como os valores adquiridos através da religião.
A convivência familiar era importante e valorizada. Ninguém se sentia sozinho e contava sempre com a opinião de algum membro da família para suas atitudes. A educação era, então, compartilhada, alimentada pelo seio familiar.
Considero o exemplo da minha família uma pequena referência para pensarmos nas famílias da mesma época, uma vez que a minha é uma família bem típica e tradicional.
Vejo que as gerações atuais vêm perdendo a convivência familiar. Com o tempo, as famílias estão se tornando menores e seus membros mais distantes uns dos outros. Os pais de hoje, buscam na literatura respostas fáceis para o que não conseguem entender,  regras e receitas para agirem com seus filhos de acordo com o que é vendido a eles. Assim, é delegado aos autores deste tipo de livros o saber sobre como agir com uma criança que eles nunca viram, em determinada situação que desconhecem.
Para vender os livros, existe a fórmula da receita de bolo: faça isto e terá como resultado, aquilo. Assim são escritos os tais livros para os pais atuais, com regras sistematizadas e planejadas para cada comportamento da criança, a fim de obter, como resultado, uma criança com limites, que sabe dormir sozinha, comer sozinha, que não dá birra e não responde aos pais. Esta criança, dizem os livros, será capaz de se tornar um adulto  bem sucedido, capaz de concorrer no mercado de trabalho, ser  líder e, enfim, ter uma posição bem definida na vida. Ou seja, os livros vendem a idéia da possibilidade de se criar um filho como dita o mercado de consumo, levando os pais a acreditar que seus filhos precisam ser os melhores em tudo e que, para isso, devem fazer uma infinidade de aulas extracurriculares, possuir brinquedos específicos, vestir-se de determinada maneira e assim por diante.
Os livros de auto-ajuda, para a educação dos filhos, têm como referência uma teoria do comportamento que busca controlar o comportamento dos indivíduos sem considerar  processos mentais como o pensamento e os sentimentos. Se formos aderir às receitas propostas por tais literaturas, estaríamos considerando a incapacidade de nossos filhos de pensar criticamente, analisar, concluir, assim como estaríamos desconsiderando, também, seus sentimentos.
 Em uma receita de bolo não há espaço para a reflexão. É só seguir a receita como está escrita e o bolo fica pronto. Porém, na criação dos nossos filhos não é assim. Cada pessoa é única e nessa condição, cada um enxerga o mundo à sua maneira, age de forma distinta, necessita de estímulos diferentes para se desenvolver e faz escolhas independentes das de seus pais.
 A fórmula mágica que tantos pais buscam para educar bem seus filhos não existe!
Deve existir, sim, um olhar atento do pai para com o seu filho a fim de conhecê-lo e compreendê-lo, para saber como ajudá-lo em seu crescimento. Erros terão mil e com eles os pais também aprendem. Assim como aprendem com a negativa do filho, com as escolhas distintas que ele faz, com os caminhos que ele é capaz de lhes apontar.
Antes de procurar soluções do lado de fora, na literatura fácil, é preciso procurá-las do lado de dentro. Perguntas como: “como eu enxergava esta situação quando era criança?” ou “quais escolhas me trouxeram aonde cheguei hoje?”, “o que me fez ser como sou?” são capazes de ajudar os pais a se aproximarem do universo dos seus filhos, a compreender este universo e, assim, saber o que sua criança necessita.
A convivência familiar é grande aliada na educação dos filhos, uma vez que retroalimenta a família afetivamente e ajuda os filhos a confiarem em seus pais e sentirem-se seguros.
A escola e sua equipe especializada também é outra aliada. Não para dar receita de bolo, mas para refletir junto à  família sobre cada fase do desenvolvimento das crianças e suas necessidades: ressalta-se que necessidade é muito diferente de vontade.
Para quem gosta de recorrer à literatura como um recurso para a educação dos filhos, pode buscar conhecimento nas ciências: a psicologia, a sociologia, a história e a pedagogia não darão nenhuma receita aos pais, mas são capazes de oferecer suporte para a compreensão do ser humano e suas fases do desenvolvimento. Para transformar estes conhecimentos em boas ações educativas, há que se fazer esforço. Mas vale muito a pena!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Quando o sofrimento de um filho dói no pai

É indiscutível que os pais queiram o melhor para seus filhos e que queiram oferecer-lhes uma boa condição de vida e situações promotoras de crescimento. Porém, existe o mundo e suas intempéries. Existem pessoas distintas e situações que fogem ao nosso controle. Nestes casos, o que fazer?

Há um momento na vida de nossos filhos em que passarão a viver situações longe dos nossos olhos. Farão escolhas, mesmo que não tenham consciência delas. Viverão aventuras sem serem monitorados por nós. E também, terão experiências desagradáveis.  Nestas ocasiões, quando não souberem o que fazer ou quando sentirem-se tristes e contrariados, recorrerão a nós. Pedirão ajuda, chorarão seus prantos.
Enquanto porto seguro dos filhos, os pais precisam saber ouvir, compreender o que sente aquela criança e o que ela precisa, realmente, naquele momento. Precisam, principalmente, segurar seu impulso de sair correndo para resolver a situação por ela. É comum este pai/mãe reviver situações de sua própria infância sem se dar conta disso, quando vê o filho sofrer. Nestes casos, quando não tem a consciência de ter sido acometido por um sentimento particular e confunde-se com sua criança, o adulto tenta resolver um problema que não é seu, impedindo, assim, que a criança encontre seus próprios recursos para resolvê-lo sozinha.
Saber ouvir um filho não é o mesmo que resolver um problema para ele. Saber ouvi-lo é compreender seus sentimentos para ajudá-lo a pensar em possíveis soluções para seu problema. Ou, muitas vezes, ajudá-lo a enxergar que não há um verdadeiro problema.
Saber ouvir é não se confundir com a criança. É não achar que seu filho está vivendo o mesmo que você viveu em sua própria infância.
Saber ouvir, muitas vezes, é somente acolher o choro, aconchegar a criança e deixá-la simplesmente sentir o que está sentindo. É saber que o sofrimento faz parte da condição humana e que ele também leva ao crescimento.
É preciso acreditar que um filho é capaz de transpor obstáculos. Quando os pais acreditam na capacidade de seus filhos, transmitem isto a eles através de várias atitudes. E o filho, sábio leitor das ações de seus pais, aprende que é capaz.
Assim, quando uma criança consegue transpor um obstáculo, gerador de sofrimento sozinha, ou seja, com seus próprios recursos,  chegará do outro lado mais forte e confiante!
Dri

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ritmo

Este tema já foi abordado dentro do CLIC! em algumas reuniões, mas os motivos que me fizeram trazê-lo novamente para a reflexão são:  a importância que ele tem em nossas vidas, a facilidade que temos para esquecer de cuidar dele e a facilidade, da vida atual, de imprimirmos um ritmo que não atende verdadeiramente às nossas necessidades.
A vida acelerada que vivemos, o excesso de trabalho, a tentativa de acompanhar a avalanche de informações às quais podemos ter acesso a cada minuto, o trânsito intenso são capazes de nos tirar do nosso eixo e imprimir um ritmo em nossa vida tão acelerado, que não percebemos o distanciamento que vamos tomando de nós mesmos.
E para descansar, o que fazemos? Continuamos a roda viva e participamos de todos os acontecimentos culturais e sociais da cidade. Acreditamos que não podemos perder nada, a fim de evitar o sentimento de ficar para trás dos outros, por fora dos assuntos.
No final do domingo experimentamos o sentimento de não ter tido tempo suficiente para fazer o que gostamos nem para descansar.
Somando-se a isto, há os inúmeros e-mails que temos que ler e responder, os seriados televisivos que não podemos perder, os jogos eletrônicos, as compras e tantas outras coisas que ocupam nosso dia-a-dia.
A vida moderna nos trouxe grandes facilidades, mas trouxe também o distanciamento de nós mesmos. Nosso olhar é sempre desviado para fora do nosso interior. Passamos, sem perceber, a buscar respostas para nossas dúvidas do lado de fora.
Em relação à vida familiar e à educação dos filhos acontece o mesmo. Procuramos nos livros, no comportamento dos vizinhos e de outros colegas de trabalho o que devemos fazer. Nossa referencia passa a ser a mídia, o vizinho e a literatura, geralmente de auto ajuda.
Alem disso, temos sempre a preocupação de preencher o nosso tempo e o das crianças com inúmeras atividades.
E quando piscamos nossos olhos, a família está o dia todo ocupada, com a agenda cheia, sem tempo de convivência. Quando não muito, a convivência oferecida aos pequenos é sempre a pública, social, perdendo-se a íntima, familiar, privada.
Quando chegamos ao ponto de precisar de um terceiro para nos dizer como vai nosso filho, quando olhamos para ele e não conseguimos enxergá-lo é sinal de que estamos longe de nós mesmos e do centro da nossa família.
O que pode nos trazer de volta é o ritmo! Para isto, precisamos rever nossa rotina e incluir nela um tempo para todas as refeições diárias _ café da manhã, lanche, almoço, lanche e jantar _ com boa qualidade. O que significa comer saudavelmente e mastigar a comida sentindo o gosto que tem.  
Dentro da nossa rotina precisa haver tempo para olhar nos olhos dos nossos filhos e ouvi-los. Assim também com o nosso companheiro(a), caso haja um.
A família precisa também, para se nutrir afetivamente, de um tempo onde seus membros estejam juntos partilhando uma boa conversa e/ou brincadeira, sem aparatos eletrônicos, mas de pura convivência e afeto. Sem, inclusive, a companhia dos amigos. Mas precisa também de um momento para estar com estes!
Para se obter um bom ritmo é preciso conseguir respirar, descansar, produzir, rir, ouvir e ser ouvido, relaxar.
O dia é para o trabalho, a brincadeira, a produção, seja ela infantil ou adulta. A noite é para o descanso, a fala mansa, o relaxamento.
Vale uma avaliação individual das próprias escolhas, do ritmo diário e semanal, da qualidade dos relacionamentos que cada um tem conseguido estabelecer. E fazer as alterações necessárias, caso constate que está “fora de ritmo.
Dri

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lançamento do livro

Neste próximo fim de semana o CLIC! lançará o livro
Meninada, o que a gente vai fazer hoje?

Este livro é fruto do trabalho de um pai zeloso e admirador da proposta pedagógica do Centro Lúdico, o qual presenteou o CLIC! com esta jóia de livro, que traz, através do relato de vários educadores e de suas observações,            o dia-a-dia deste espaço ímpar, fundado em 1996 e hoje dirigido por Letícia Fonseca e Carol Brasil.
O CLIC! tem dois valores (dentre vários outros) que gostaria de ressaltar: a parceria entre família e escola e seu caráter aberto, ou seja, é uma escola clara, límpida, desarmada. Não há, em seu dia-a-dia, nada que não possa ser do conhecimento das famílias que confiam seus filhos àquelas pessoas.
Em 2009, o CLIC! teve a honra de ser presenteado com a proposta de Carlos de escrever sobre sua história, a fim de mostrar, às pessoas interessadas, um pouco deste trabalho único, realizado em um espaço tão privilegiado. Nesta oportunidade, estes dois valores  citados contribuíram para o resultado que vocês poderão conferir na deliciosa leitura deste livro  que conta ao leitor sobre a simplicidade, a alegria, a cumplicidade, o envolvimento, o afeto, a alegria de viver e o respeito à infância. Além de poderem se deliciar com as fotografias!
Da parceria entre família e escola nasce o crescimento de todos os envolvidos, a cumplicidade com a educação das crianças e o envolvimento com a proposta pedagógica da instituição.
O caráter de abertura da escola permite esta parceria, promove a confiança e estreita os laços afetivos.
Esta é uma parceria que o CLIC! faz questão de firmar e, mais que isto, conta com ela. Conta com o olhar crítico das famílias para sua prática, conta com as inúmeras contribuições dadas por pais e familiares participativos, conta com a avaliação que as próprias crianças dão do trabalho realizado, através de seus comentários, suas conclusões, do brilho em seus olhos e seu desenvolvimento integral.
Parabéns, Carlos e toda comunidade CLIC! pela realização deste trabalho!
Dri

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A sedução da tecnologia

A tecnologia é muito sedutora. Levando-se em conta o nosso dia-a-dia, ela resolve problemas, atende às necessidades da vida moderna, traz o mundo para perto das pessoas, e possui uma infinidade de outras qualidades que poderiam ser citadas.
Hoje pude ver uma menininha, de aproximadamente 3 anos, “mexer” em um computador. A intimidade com a máquina era grande - como a maioria das crianças atuais - e acredito que era capaz de jogar vários tipos de jogos.
Para descobrir como jogar um jogo, não necessitava ler as instruções nem tão pouco pedir ajuda a um adulto. Usava a máquina com sua inteligência sensório-motora _  o estágio mais primitivo da nossa inteligência (assim também fazemos nós, adultos, diante de uma máquina desconhecida. Experimente!) e podia guiar-se pelos símbolos que aprendeu através desta interação.
Porém, para andar, para se sentar e nas manifestações de cansaço, não possuía tantas habilidades quanto para interagir com a máquina.
Na era da tecnologia, costumamos ouvir que as crianças já nascem conhecendo os botões e isto seduz muito o adulto. Principalmente aquele que vem de um tempo no qual computadores modernos eram considerados coisa do futuro.
Estes adultos são facilmente seduzidos pela intimidade com que suas crianças interagem com computadores, iPodes, iPhones, celulares e outros aparatos tecnológicos e acabam confundindo o desejo da sua criança interior com o desejo de seu filho(a) de 2, 3, 4, 5 anos, presenteando-os, então, com jogos eletrônicos.
É preciso uma certa crítica para avaliar a verdadeira necessidade de um presente como estes, quando dado a crianças muito pequenas. Não que o uso das tecnologias não seja recomendado, indicado ou aprovado para determinada faixa etária. O que quero colocar em discussão é a real necessidade da criança.
Do que crianças entre 1 a 3 anos necessitam? E as de 4 a 6? Já têm boa coordenação motora? Sabem se expressar  facilmente? Dormem quando têm sono e pedem para comer quando têm fome? Conseguem inventar suas próprias brincadeiras sem depender dos adultos o tempo todo? Sabem pular corda, andar de bicicleta, pular amarelinha? Este tipo de brincadeira, por mais simples que pareça, ajuda a criança a formar sua consciência corporal, desenvolve sua coordenação motora e contribui para a formação da base do pensamento lógico matemático. Sem contar com o fato de que tais brincadeiras promovem a socialização e a internalização de regras. Ou seja, estas simples brincadeiras contribuem para o desenvolvimento físico, social, afetivo e psíquico das crianças.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Relações Sociais

Hoje estava observando crianças entre 5 e 17 anos brincarem juntas. Brincaram de esconde-esconde, de fazer moldes de roupa de boneca, de carrinho, de piorra, de desenhar, entre outros. Havia menino entre meninas, com diferença de idade grande. Do mais novo ao mais velho, todos se divertiam! Curiosamente, não houve brigas. Talvez pelo fato de os mais velhos cederem aos mais novos ou também por saberem administrar melhor os relacionamentos e as brincadeiras.
O fato é que fiquei pensando na importância da convivência social sadia, respeitosa, promotora da troca e do crescimento individual. As crianças que observava não estavam sendo monitoradas por nenhum adulto. Eu era uma observadora quase invisível. Acho, inclusive, que elas se esqueceram de que eu as observava. Na verdade, as admirava! Estavam felizes, riso solto, tinham todo o tempo do mundo para suas brincadeiras. Não se lembraram da TV nem dos jogos individuais. São crianças acostumadas a se relacionar. A resolver problemas, a encontrar caminhos, a criar, a agregar.
Vivemos um tempo de relacionamentos superficiais, efêmeros. Somos de uma geração acostumada com tudo instantâneo e individual: mudar o canal da TV com controle remoto, ter mais de uma TV em casa, comer comida rápida, jogar jogos eletrônicos, subir de elevador, andar de carro, enviar emails e receber a resposta rapidamente, possuir lap top, telefone celular, pesquisar no Google, dentre tantas outras atividades que nos transformam em pessoas impacientes e individualistas.
No nosso tempo, as crianças são monitoradas por adultos quando bem pequenas e pela televisão e pelo computador quando um pouco maiores. Não as incentivamos a conviver com outras crianças, impedimos que se frustrem e que  sofram. Impedimos que tenham conflitos, damos-lhe de tudo para que “não fiquem para trás” e ensinamos-lhe a consumir demasiadamente.
Adotamos, na educação de nossos filhos, um caminho que leva ao individualismo, à intolerância e à inabilidade para conviver socialmente.
O grupo de crianças que eu tive o prazer de observar hoje achava caminhos democráticos para suas diferenças e dificuldades. Coisa rara hoje em dia!
Como as conhecia, fiquei pensando na história de vida de cada uma delas. Desde cedo acostumadas a conviver com outras crianças, incentivadas a criar suas próprias brincadeiras, permitidas a usar sua criatividade em várias situações. Enfim, crianças preservadas em sua infância.
O grupo social promove o crescimento individual de cada sujeito que o compõe, através da própria convivência e suas dificuldades. As crianças são capazes de buscar caminhos para os desafios que encontram, quando incentivadas a isto. Também são inteiramente capazes de inventar brincadeiras,  sem que tenhamos que preencher seu tempo livre com atividades e entretenimentos o tempo todo.
O resultado de uma infância simples, regada por amigos e brincadeiras da cultura infantil, pela convivência social genuína entre pares não pode ser outro que não o desenvolvimento de indivíduos íntegros, criativos, conhecedores de si mesmos, capazes de serem sujeitos de sua própria história!
Dri

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Reflexões sobre o dia das mães



E para não perder o costume de falar sobre o consumismo, que tal uma reflexão
sobre o dia das mães?

Que este dia foi uma invenção do comércio, todo mundo sabe! Que caímos na
tentação de presentear, com coisas materiais de bom gosto, bonitas, de boa
qualidade também é sabido. Mas não seria esta uma inversão de valores?
Quando vamos às compras, em busca do melhor presente para esta data
comemorativa estamos realmente buscando o quê? E nós, mães, o que esperamos ganhar de nossos filhos e maridos?

Como será que a criança gostaria e poderia expressar seu amor pela mãe que tem não fosse a necessidade de responder à pergunta mais recorrente desta data: “o que você vai dar para sua mãe no dia das mães?”
A criança, em sua sabedoria e simplicidade, tenho certeza de que se lembraria de um programa gostoso que fez em família e poderia sugeri-lo; talvez fizesse um desenho, desse um beijo gostoso e um abraço bem apertado e quisesse aproveitar, por um tempo maior, o cheirinho e o calor de sua mãe, só porque dissemos a ela que aquele era o dia das mães! Ou quem sabe poderia sugerir sua brincadeira preferida, acreditando que agradaria à mãe em oferecer a ela algo que lhe dá (à criança) tanto prazer?

Qual é o melhor presente que gostaríamos de ganhar neste dia que nos
homenageia? Um abraço? O reconhecimento pelos nossos esforços infindáveis de exercer, da melhor forma, nossa função? Uma roupa que não tivemos coragem de comprar? Um sapo especial? Um tratamento estético ou de beleza, pois afinal, mães também merecem continuar sendo mulheres bonitas e desejáveis?

Qual presente aquece nosso coração, alimenta a alma e nos faz realmente
felizes? Qual o presente poderia homenagear esta parte de nós, mulheres, que
diz respeito à maternidade? Do que realmente precisamos e o que estamos
procurando?

Todos dizem que mãe ama incondicionalmente. Dizem também que no coração de mãe cabem todos os filhos; que a coisa mais importante no mundo para uma mãe é seu filho; que mãe é mãe (não importa o que isto signifique!). Escuto com freqüência, quando um filho passa por um problema grave, pessoas dizendo: “coitada da mãe dele!”

Afinal, o que definiria a mãe atual? Como ela poderia ser homenageada? Será que podemos defini-la a partir daquilo que sua família pensou para ela? Está embutido no presente dado, dentre outras coisas, o modo como os filhos enxergam suas mães?

São apenas perguntas... pode-se perder tempo refletindo sobre elas ou não! E
para colocar um pouquinho do cheiro do quintal do CLIC neste próximo domingo, que tal comemorar o dia das mãe com um pic nic; um café da manhã surpresa, preparado por pais e filhos para despertar a mamãe; brincadeiras gostosas em família; banho de mangueira também em família; pintar a mãe em uma tela grande e colocar na parede da sala de surpresa! Idéias não consumistas, que priorizam o afeto, não faltam! E as crianças podem contribuir muito com isto!

Feliz dia das mães!

Adriana Di Mambro