sexta-feira, 21 de outubro de 2011

É preciso promover a criança

Aqui no México é muito comum ver mães andando nas ruas, fazendo compras no supermercado, escolhendo filme na locadora com filhos pequenos. Estes sempre estão atrás de suas mães, prestando atenção nelas, enquanto elas fazem o que precisam. No Brasil é o contrario, as crianças estão na frente das suas mães, sendo cuidadas pelas mesmas, que não tiram os olhos da criança e fazem de tudo para que se sintam bem e sejam prontamente atendidas.
A possibilidade de poder observar e analisar duas culturas distintas, me fez lembrar do excesso de cuidado e proteção que via, com freqüência, nos pais brasileiros. Com medo dos filhos caírem, não os deixavam correr, assim como os impediam de subir em árvores para que não se machucassem. Também presenciava, com freqüência, o sentimento de pena dos pais em relação ao sofrimento do filhos, quando se desentendiam com algum colega na escola  e tantas outras situações, nas quais o medo do sofrimento do filho fazia com que os pais impedissem-no de viver situações comuns da infância.  Assim como, a pena que sentiam de ver os filhos se frustrarem, por algum motivo, os faziam suprir a criança com outros objetos e/ou situações que pudessem lhe proporcionar prazer imediato.
Sempre gostei de perguntar a estes pais, quando havia oportunidade, sobre seus próprios medos. Você, pai e mãe, tem medo que seu filho seja incapaz de superar um sofrimento? Por que o choro da criança, ao se frustrar, o mobiliza tanto?
Estas e outras perguntas podem ajudar o adulto a chegar em um lugar que, talvez, ainda não tenha visitado.
Os filhos irão olhar para si mesmos do mesmo lugar de onde os pais olham para ele. Melhor dizendo, os filhos, inicialmente, vêem o mundo e a si mesmos, através dos olhos dos seus pais. Se os pais os vêem como pessoas indefesas, frágeis, vulneráveis, eles irão criar esta mesma imagem sobre si mesmos.
O contrario também acontece. Quando a família vê a criança como uma pessoa capaz de resolver problemas, de achar caminhos alternativos quando algo dá errado, quando entende que a criança pode aprender a cuidar de si mesma e de seus pertences através de pequenas situações diárias, a criança também irá entender o mesmo sobre ela.
É preciso promover a criança! Propor a ela situações nas quais possa exercitar sua autonomia da maneira que consegue, com suas capacidades e limitações. A criança sente-se muito bem, orgulha-se de si mesma, quando seus pais lhe delegam tarefas verdadeiras de ajuda nos afazeres domésticos e cotidianos, por exemplo. Quando ela sente que acreditam na sua capacidade, progride,  olhando para si com a mesma crença. Isto ativa sua auto-confiança, sua criatividade e seu interesse por si mesma e pelo mundo que a cerca. Também ajuda-a a compreender o significado da cooperação e a construir a capacidade de conviver socialmente.
É importante, para o crescimento dos filhos, que  os pais os vejam com a idade que têm e não sei por quais motivos há a tendência de infantilizar a criança, tratando-a sempre como menos capaz do que é. Este tipo de postura frente a criança, quando muito comum, gera na mesma atitudes ambíguas como ser de um jeito mais infantilizado em casa e mais maduro na escola. Por isto é tão comum os pais dizerem: “não sei o que acontece, mas em casa meu filho nunca dá conta das coisas que faz com facilidade na escola.”
Promover a criança significa delegar a ela aquilo que acreditamos que é capaz de fazer, sem cobranças excessivas e ao mesmo tempo sem infantilizá-la. Ela  sentem-se bem melhor nestas situações  que quando a protegemos sem necessidade. Portanto, se estamos caminhando com nossos filhos, a fim de ajudá-los a crescer e se desenvolver, é preciso promovê-los!
Dri

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