terça-feira, 9 de agosto de 2011

A sedução da tecnologia

A tecnologia é muito sedutora. Levando-se em conta o nosso dia-a-dia, ela resolve problemas, atende às necessidades da vida moderna, traz o mundo para perto das pessoas, e possui uma infinidade de outras qualidades que poderiam ser citadas.
Hoje pude ver uma menininha, de aproximadamente 3 anos, “mexer” em um computador. A intimidade com a máquina era grande - como a maioria das crianças atuais - e acredito que era capaz de jogar vários tipos de jogos.
Para descobrir como jogar um jogo, não necessitava ler as instruções nem tão pouco pedir ajuda a um adulto. Usava a máquina com sua inteligência sensório-motora _  o estágio mais primitivo da nossa inteligência (assim também fazemos nós, adultos, diante de uma máquina desconhecida. Experimente!) e podia guiar-se pelos símbolos que aprendeu através desta interação.
Porém, para andar, para se sentar e nas manifestações de cansaço, não possuía tantas habilidades quanto para interagir com a máquina.
Na era da tecnologia, costumamos ouvir que as crianças já nascem conhecendo os botões e isto seduz muito o adulto. Principalmente aquele que vem de um tempo no qual computadores modernos eram considerados coisa do futuro.
Estes adultos são facilmente seduzidos pela intimidade com que suas crianças interagem com computadores, iPodes, iPhones, celulares e outros aparatos tecnológicos e acabam confundindo o desejo da sua criança interior com o desejo de seu filho(a) de 2, 3, 4, 5 anos, presenteando-os, então, com jogos eletrônicos.
É preciso uma certa crítica para avaliar a verdadeira necessidade de um presente como estes, quando dado a crianças muito pequenas. Não que o uso das tecnologias não seja recomendado, indicado ou aprovado para determinada faixa etária. O que quero colocar em discussão é a real necessidade da criança.
Do que crianças entre 1 a 3 anos necessitam? E as de 4 a 6? Já têm boa coordenação motora? Sabem se expressar  facilmente? Dormem quando têm sono e pedem para comer quando têm fome? Conseguem inventar suas próprias brincadeiras sem depender dos adultos o tempo todo? Sabem pular corda, andar de bicicleta, pular amarelinha? Este tipo de brincadeira, por mais simples que pareça, ajuda a criança a formar sua consciência corporal, desenvolve sua coordenação motora e contribui para a formação da base do pensamento lógico matemático. Sem contar com o fato de que tais brincadeiras promovem a socialização e a internalização de regras. Ou seja, estas simples brincadeiras contribuem para o desenvolvimento físico, social, afetivo e psíquico das crianças.

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