quarta-feira, 21 de julho de 2010

Festa Junina

O Tema da festa junina deste ano foi a Festa do Boi maranhense. A meninada pesquisou por dois meses, trabalhou bastante e o resultado foi maravilhoso. A cada ano a meninada nos surpreende: como são capazes de produzir uma festa tão rica culturalmente com: teatro, música, dança, exposição de arte! As famílias também nos ajudaram bastante! Estamos deixando algumas fotos feitas pela Jane - mãe do Bê do grupo II.


















Confiram a releitura que a meninada construiu da história do Boi:
Auto do Boi Maranhense

Em um lugarejo muito, muito distante daqui, lá pelas bandas do Maranhão, havia uma bonita fazenda, cheia de animais e plantas. A fazenda era do Amo que tinha um amor especial por um de seus bichos. Esse bicho era um boi, um lindo boi brincalhão de couro preto que dava alegria para a fazenda. O Boi era tão querido que o amo elegeu um vaqueiro especialmente para protegê-lo, o primeiro vaqueiro.

“Guarnece, guarnece
Agora eu quero ver
Meninada a hora é essa
Eu vou cantar pra guarnecer”

Essa fazenda era o local de muitas festas da região e o boizinho especial do Amo a maior atração. Ele dançava, pulava, brincava, sua alegria era contagiante. A cada ano o boizinho ganhava novas roupas, sempre lindas e enfeitadas.

Um certo dia, chega a essa fazenda um casal de retirantes , o Pai Francisco e a Catirina barrigudona de nove meses. Eles se encantaram pelo boizinho, que estava muito lindo e enfeitado. Então, perguntam para o Amo o preço daquele boi, pois se interessavam em comprá-lo. O Amo se assustou e, em tom de sobressalto, informou que o boizinho não estava à venda, pois ele era a alegria da fazenda. E a festa continua...

“Dona da Casa que o terreiro alumio
Dona da Casa que o terreiro alumio
Varre o terreiro, meu boi chegou
Varre o terreiro meu boi chegou.”

O pai Francisco e a Catirina continuaram por ali, admirando o boi quando, de repente, a Catirina se lembrou de um sonho. Ela tinha sonhado com aquele boi e nesse sonho ela comia a língua do boizinho. Quando, eles contam essa história para o Amo, ele se assustou mais ainda e ofereceu outra comida da fazenda para satisfazer aquela mulher grávida e salvar seu mais querido boizinho.

“Meu boi chegô, lá na beira do cerrado
Meu boi chego, lá na beira do cerrado
Abre a porteira maninha, pra vê meu boi encantado
Abre a porteira, maninha pra vê meu boi encantado.”

A festa continuou e as pessoas da fazenda em dançavam , cantavam e tocavam matracas. De repente o Amo percebeu que faltava a alegria da festa. Seu boi tinha desaparecido. E pra piorar, ninguém daquela gente toda da fazenda sabia pra onde o boi tinha ido...

Desolado e desesperado o Amo chamou seu primeiro vaqueiro e perguntou, em um tom ameaçador, onde estava seu querido boi. O vaqueiro se apertou todo, pois também se concentrou em dançar, cantar e numa bonita senhorita que passara por ali, se esquecendo do boizinho.

O Amo, sobressaltado, percebeu que aquele casalzinho de retirantes que estavam de olho no boi também tinha desaparecido. Logo, logo ele desconfiou que Pai Francisco e Catirina tinham roubado seu amado boi.

“Vaqueiro, reúna seu batalhão”.
Vá buscar o touro mais bonito da nação
Que nasceu lá na Bahia e até hoje não voltou
Foi o Pai Francisco que passou e que levou
Foi o Pai Francisco que passou e que levou.”

O vaqueiro, muito valente, saiu com seu bando matagal adentro, em busca do boi. Pouco tempo depois, eles voltaram apavorados, dizendo que lá na mata tinha uma onça... e, lá pelas bandas do Maranhão, vaqueiro tem muito medo de onça.

“Eu vi uma onça gemê
Na mata do arvoredo
Eu vi uma onça geme
Na mata do arvoredo
Olêlê São João, me valha São Pedro
De onça eu tenho medo...”

O Amo, então, já descabelado de preocupação com seu boi, perguntou se alguém da fazenda tinha alguma idéia de quem poderia enfrentar a mata e trazer seu boizinho precioso de volta. Os vaqueiros deram a idéia de pedir ajuda aos índios.

“Diretor dos índios
Tu és brasileiro
Dá uma volta nas aldeia
E trás o índio guerreiro
Pra prendê o marreteiro.”

Os índios, conhecedores de matas fechadas, encontraram o boi doente sendo cuidado pelo Cazumbá. O Cazumbá, com sua máscara horripilante, sua anca enorme e seu tilintar característico, levou o boizinho, fraquinho e adoecido para a fazenda. A tribo indígena trouxe os culpados pela façanha, Pai Francisco e Catirina, bem presos. Cazumbá, nervoso com o ocorrido, repousou o boizinho no chão e, como não gosta de gente (só de bicho) assustou as pessoas da fazenda.

A festa perdeu sua alegria, sua música e sua dança e, todos condoídos pelo boi, se calaram. O Amo, por sua vez, desesperado como nunca, perguntou numa altura de doer os tímpanos, quem poderia salvar seu querido e amado boi.
Mais rápido do que ambulância chegou o Doutô de Boi. Ele examinou, auscultou o coração, tentou medir a temperatura, mas não conseguiu nem descobrir qual era a doença do pequeno novilho.

Mais descabelado do que nunca, o Amo perguntou se alguém tinha mais alguma solução para salvar a alegria da fazenda, o querido boizinho. Então, surgiu uma nova idéia, chamar o pajé da tribo, um curandeiro muito renomado da região. O pajé, rápido como só ele, apareceu como que num passe de mágica. Ele rezou, utilizou umas ervas, fumou seu cachimbo e não conseguiu curar o boi, mas descobriu a origem do problema: o boi estava sem língua. O Amo já estava quase tendo um ataque cardíaco, quando surgiu a idéia de chamar um elemento surpresa para salvar o boi... Quem será? Será que o boi conseguirá ser salvo e a alegria voltará a reinar na fazenda?

“Adeus morena
Para o ano se Deus quiser
Eu quero bordar teu nome
Na ponta do meu chapéu

Tem a barra de lamê
Tem as pontas muito finas
Tem um couro tão bonito
Quem bordô foi a menina.”

Tudo o quê nasce, morre e se recria eternamente...