terça-feira, 24 de abril de 2012

Leitura, uma boa atividade

Hoje se comemora o Dia Internacional do Livro e o aniversário de morte de alguns escritores imortais como Cervantes e Shakespeare. Esta data me inspirou escrever sobre a importância do hábito de leitura!

Não há quem negue que ler é bom, é ótima atividade, mas apesar disto, continuamos sendo um país de poucos leitores (tanto Brasil quanto México!). Então, o que será que acontece?

A prática é a melhor maneira de transmitir um valor ou ensinamento: ou seja, dando o exemplo. Quantas vezes sugerimos aos nossos filhos que leiam, mas eles nunca nos vêem lendo?  

Em Belo Horizonte há uma biblioteca muito bacana, a Biblioteca Pública infanto-juvenil, que promove cursos, oficinas e possui um grande número de títulos adequados para todas as idades. Possui uma programação mensal, divulgada por correio eletrônico também, além de ser bastante acessível e fácil de se associar. A criança pode ter sua própria ficha e aprender a fazer os empréstimos e devoluções de livros. Este é um bom hábito e uma excelente atividade para todas as idades e ocasiões!
 
Aqui em Tijuana, a biblioteca infantil do Centro Cultural de Tijuana – CECUT, promove semanalmente a troca de livros, na qual as crianças levam seus livros para serem trocados com outras crianças. Além de boa economia, este é também um bom recurso, pois os pequenos aprendem, desde cedo a compartilhar, trocar e desfrutar dessa maravilhosa atividade que é a leitura! Quem gostou da idéia pode iniciar a troca aí também!

Dri

terça-feira, 17 de abril de 2012

Televisão x Relação Familiar e Afetiva

A coluna dorsal do projeto do CLIC é a brincadeira, a interação e a cultura. Não é à toa que sempre se fala sobre isto nas reuniões de pais, nos encontros de famílias e aqui mesmo, neste blog. A preocupação com a saúde da infância e sua preservação não é somente nossa. Que bom! Não somos nós os únicos que nos dedicamos a juntar o maior número de pessoas em prol de uma infância saudável. O Instituto ALANA, por exemplo, busca despertar a consciência crítica da sociedade sobre práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Luta para minimizar os impactos negativos causados pela mercantilização da infância e da juventude.
A pedido deste instituto, o Conselho regional de Medicina de São Paulo publicou um parecer técnico contra-indicando programas de televisão para menores de três anos. Este parecer pode ser conferido neste endereço:
Um dos argumentos utilizados no documento é o de que a criança pequena precisa de relações afetivas para se desenvolver, além da necessidade de ter “experiências reais”, como está escrito no mesmo documento.
O que eles estão falando é que as crianças precisam de relação e interação. Precisam que se olhe em seus olhos, que sejam incluídas nas atividades familiares, que sejam consideradas no planejamento da rotina e dos programas familiares.  E que não é uma boa opção entregá-las a uma babá eletrônica, na fase em que necessitam do contato com pessoas.
A criança pequena aprende interagindo com o meio, mexendo nas coisas, levando-as à boca, subindo e descendo  degraus, bancos e pequenas alturas, puxando e empurrando objetos, colocando e tirando coisas de dentro de caixas, gavetas e o que mais encontre pela frente. Cabe aos adultos saber oferecer a elas materiais adequados para que possam exercitar sua inteligência. A televisão não lhes oferece nada do que precisam!
Tive uma experiência muito interessante no mesmo dia em que li sobre a matéria deste parecer técnico mencionado acima. Levei uma de minhas filhas à dentista e  chegamos ao consultório junto com a doutora, que estava entrando com duas filhas, de 8 e 5 anos e um bebê de 10 meses. Quando vi a cena pensei: como irá trabalhar com toda a família?
Pois aprendi que é possível conciliar, perfeitamente, família e trabalho. Ao lado da sala de atendimentos, havia outra pequena sala com mesa e cadeiras tamanho infantil, caderninhos para desenhar e colorir e alguns brinquedinhos de bebê. Para lá se dirigiram as duas crianças maiores, enquanto a mãe foi para o consultório. A consulta começou normalmente, enquanto o bebê dormia em um bebê-conforto, na mesma sala onde estávamos. Quando ele acordou, ela  nos pediu um minutinho, foi carinhosamente vê-lo, tirou-o de sua cadeirinha e o levou, juntamente com uma bolsa cheia de coisas, para a sala onde estavam suas irmãs. Estas brincaram com ele e o alimentaram enquanto minha filha era muito bem atendida e orientada na sala ao lado. Passados uns minutos o pai foi buscar as crianças e levá-las para casa, enquanto a mãe terminava seu trabalho.
Fui para casa pensando em como podemos fazer arranjos familiares que unem a família, atenda bem às crianças sem que sejam colocadas no lugar de incapazes. Quantas vezes os adultos acreditam que são responsáveis pela alegria das crianças e seu entretenimento? Preocupam-se em diverti-las todo o tempo, como se não soubessem fazer isto sozinhas e  em grande parte dos casos encontram na televisão uma boa aliada, pois a criança se mantém quieta, enquanto o adulto termina seus afazeres.  Este, porém, se esquece das necessidades reais dos pequenos, de suas capacidades e de que há mil e uma maneiras de oferecer-lhes situações e materiais adequados à sua criatividade, aos seus jogos motores e simbólicos e à sua diversão.
Admirei a cena que presenciei no consultório dentário. A calma da mãe, a organização da família e a tranqüilidade e harmonia das crianças. Não acredito que isto aconteça todos os dias, mesmo porque as crianças vão à escola e participam de outras atividades, mas ficou claro que há muitas maneiras de  organizar os membros de uma família onde todos se respeitam, se ajudam e onde a relação afetiva é predominante.
Dri     

terça-feira, 10 de abril de 2012

Respeitar o ritmo de cada um

“Respeitar o ritmo de cada um” é uma frase muito ouvida e lida em muitos textos e livros. Mas o que realmente significa isto? Como respeitar o ritmo de uma criança que não caminha nos passos de seus colegas? Respeitar o ritmo deixa a criança atrasada?

Durante o desenvolvimento humano, cada pessoa caminha em seu passo. E o ritmo do passo depende de inúmeros fatores, dentre eles está a maturação do organismo e a maneira como a pessoa é criada. Quando muito protegida, sente dificuldade em lidar com desafios e diversidade. Ao passo que, quando muito desprotegida, sente-se por vezes insegura e pode reagir com uma aparente bravura, porém no fundo sentir-se muito desamparada.

Entendo respeitar o ritmo de cada um como oferecer as condições necessárias para que aquele organismo possa se desenvolver integralmente. Para isto, temos que lembrar que dentro de nós existe um espaço que é o das emoções, dos afetos e da disposição do próprio organismo para receber novas informações em determinado momento. Conheci uma criança de três anos que falava o abecedário completo e em ordem, escrevia seu nome completo e _ pasmem!_ “recitava” o teorema de Pitágoras. Porém, isto não significa que ela era conhecedora do assunto. Seu espaço interno, não estava preparado para digerir tais informações. Assim, apesar de repetir as informações dadas, não tinha o que fazer com elas.

Para respeitar o ritmo de uma criança, ou seja, para apoiá-la em seu desenvolvimento integral a fim de ajudá-la a crescer é preciso primeiro conhecê-la. Também é preciso conhecer sobre o desenvolvimento infantil. Pais, tios, avós e outras pessoas leigas podem fazer isto observando a criança e conversando com a mesma. Nestas situações podemos conhecer muito sobre seu universo, como pensam e a partir de que ponto agem. Já professores de diversas áreas e educadores em geral, têm o dever de estudar sobre o desenvolvimento infantil, a fim de propor situações adequadas aos seus pupilos. Esta já é a segunda parte de “respeitar o ritmo de cada um”.

Depois de conhecer as crianças, para aproximá-las do conhecimento necessitamos oferecer-lhes as situações adequadas. Em uma turma de 20 alunos vocês crêem que todos reagirão a uma mesma situação de maneira semelhante? Claro que não! Neste sentido, se o tema está de acordo com o universo da criança, porém ela sente dificuldade de dominá-lo é porque o adulto não soube oferecer-lhe situações adequadas, capazes de levá-la a aprender o que está sendo proposto, ou talvez ela não tenha tido tempo suficiente para assimilar o novo. Neste caso, o adulto responsável por desenvolver o assunto, deve buscar outros meios e estratégias que falem diretamente a quem está com dificuldade e dar-lhe o tempo necessário para entrar em contato com a nova informação. Sob este ponto de vista, não se pode montar um currículo cheio de temas a serem desenvolvidos em pouco tempo. Existe um processo que acontece dentro de nós de maneira que o organismo precisa assimilar, acomodar e equilibraruma informação nova, para depois se apropriar da mesma. Explicando de maneira simples, é como a digestão: primeiro mastigamos, ou seja, entramos em contato com uma nova informação, depois engolimos, o equivalente a colocar esta informação para dentro, em contato com outras que já dominamos, com tudo o que conhecemos e por fim, a digestão em si, que seria acomodar a informação nova ao que já temos construído como conhecimento e assim, somar a estes com propriedade. Neste momento, quando falamos sobre o assunto, não estamos repetindo a informação dada e sim, falando o que entendemos, incluindo nossos conhecimentos prévios, nossa história e nossa forma particular de ver as coisas.A aprendizagem está diretamente relacionada à autonomia! Mais importante que dar informações (que, afinal, podem ser buscadas em várias fontes sem necessidade de ajuda) é ajudar o organismo a pensar com autonomia.

Gosto muito do caso de um amigo do CLIC que, com seis anos de idade, bateu à porta da diretora de sua nova escola para reivindicar sua mudança de turma. Ele estando em desacordo com uma atitude da direção, reuniu argumentos e soube exatamente a quem procurar. Esta criança hoje já é grande e continua muito bem desenvolvida e autônoma, fazendo diferença entre os seus.

Não importa a fase do desenvolvimento que se encontra a criança, a compreensão deste processo e a maneira de agir são as mesmas. Ou seja, durante o processo de aprendizagem, precisamos respeitar o ritmo do indivíduo o que significa conhecê-lo, respeitar seu espaço interno, acolhê-lo, oferecer-lhe situações de aprendizagem adequadas e caminhar a seu lado, apoiando-o no que necessita.

Dri