quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Não é não

Falamos muito em colocar limites às crianças. Usamos muito a palavra“limite” quando estamos falando em educação de crianças e dos nossos filhos. Mas o que entendemos, realmente, por limite? Saber obedecer? Não contestar? Fazer o que se manda? Respeitar? Compreender que existe um espaço que é o nosso e outro que é de outra pessoa? Não invadir o espaço dos outros?

Não podemos duvidar de que um não sincero, dito uma só vez, de dentro do coração, não dá espaço para ambiguidades, não deixa dúvidas e cumpre sua finalidade. Dependendo da idade da criança, ela irá verificar se aquele não é um não verdadeiro e uma vez conferido, ela saberá do que se trata.

Crianças entre 1 e 2 anos não têm regras internalizadas, ou seja, não sabem o que quer dizer “isto não pode”. Do mesmo modo, também não sabem que se lavam as mãos antes das refeições e depois de usar o banheiro, que usa-se palavras como “obrigado”, “desculpa-me”, por favor”. Estas crianças, precisarão repetir várias vezes uma mesma ação até que entendam todas as regras que regem a convivência social. Mas para isto, necessitam contar com adultos coerentes, dispostos a ajudá-las na busca desta compreensão.

Coerência e paciência são virtudes indispensáveis à educação de crianças pequenas. E das grandes também!
Para ajudar uma criança a compreender que uma regra precisa ser respeitada, que a palavra não significa o contrario de sim, há que se agir com coerência e ter paciência até que ela compreenda, dentro de si mesma, o que estamos tentando ensiná-la. Muitas vezes temos que ajudá-la com atitudes, indo até ela e ajudando seu corpo a parar aquela ação. Saber parar é um aprendizado que leva um certo tempo. Então, precisamos olhar dentro dos seus olhos, dizer que não, pegar na sua mão e oferecer-lhe outra coisa. Se der birra, esperar pacientemente que a birra acabe para, então, começar uma nova conversa. Nenhum ser humano consegue conversar no meio de uma birra. Imagine-se nervoso, gritando, chorando, querendo despejar toda sua raiva no mundo e alguém ao seu lado falando sem parar, te prometendo coisas e querendo comprar sua explosão de nervos com ofertas. O que você sentiria?

Voltando à birra e ao não, vale uma criança, em pleno processo de aprendizado sobre seus sentimentos, dar birra. O que não vale é o adulto, responsável por encaminhar esta criança, por cuidá-la e educá-la, render-se aos seus caprichos.
O não e os limites postos organizam internamente as crianças, oferecendo-lhes um eixo que elas ainda não possuem. Não ter limites, poder tudo o tempo inteiro, ser prontamente atendido em seus desejos, assim como não ter a chance de se frustrar é extremamente ameaçador, aterrorizante e não ajuda, em nada, o crescimento dos sujeitos.
Crianças a partir dos 3 anos de idade já começam a internalizar as regras e podem respeitar, com facilidade, algumas delas. Depois dos 4/ 5 anos as crianças são capazes de cooperar em grande parte das situações sociais e familiares que vivem cotidianamente. Assim como são capazes de contribuir para o planejamento da rotina (familiar e escolar), resolver problemas e propor algumas soluções para as dificuldades encontradas em seus percursos. Já com 5/6 anos podemos ter grandes, divertidos e agradáveis parceiros dentro de casa!
Nós, adultos, precisamos avaliar o quanto temos contribuído para o crescimento das crianças ou o quanto atrasamos este crescimento com nossa frequente permissividade.
Se somos capazes de dizer não a uma criança, de indicar-lhe limites nas situações vividas, de ensinar-lhe o respeito por ela mesma, pelas pessoas e pelo meio que a cerca, estamos perto de ajudá-la a desenvolver-se com autonomia, confiança e segurança.

Dri

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Brincando nas férias


Quando começam as ferias, vários pais se preocupam com o que fazer com as crianças durante tantos dias dentro de casa. A busca por colônias de férias e atividades fora de casa, em clubes, academias e oficinas artísticas é incansável por parte de vários pais de família.Neste movimento precipitado, corre-se o risco de se esquecer do personagem principal desta história: a criança.

Mais uma vez é preciso que se perguntar: de quê a criança necessita neste período? Não acredito que seja de uma agenda cheia de compromissos como acontece com muitas delas ao longo do ano. Como todo ciclo, há o tempo de plantar e o tempo de colher, o tempo de produzir e o tempo de descansar.

Como nós, contemporâneos, temos dificuldade para descansar! E descansar não é exatamente o mesmo que se “escarrapachar” no sofá, frente a televisão, e aí mesmo permanecer inerte, o resto do dia! Ao contrario, descansar pode ser muito produtivo, prazeroso e recarrega as energias. A criança descansa em uma brincadeira inventada com materiais simples como um chapéu, alguns panos, uma espada ou sapatilhas e por aí vai uma infinidade de idéias. Neste tipo de brincadeira ela descansa da correria do seu dia-a-dia, das exigências do mundo em que vive, do ritmo alucinante que lhe tem sido imposto nos últimos tempos. Descansa dos adultos, das regras impostas e que nem sempre consegue segui-las, da infinidade de estímulos que insistimos em dar-lhes em nome do seu desenvolvimento e de sei-lá-mais-o-quê!! Alem disso, não é preciso parar de brincar para tomar banho e comer. Em qualquer espaço simbólico há lugar para estas “tarefas” necessárias à rotina de qualquer pessoa. Basta termos um pouquinho de sensibilidade para introduzir-las.

Na sua brincadeira pessoal a criança é capaz de entrar em um mundo próprio, construído conforme suas próprias escolhas, com elementos que são necessários à sua sobrevivência... e descansa na sua magnitude e sabedoria interior. É preciso que o adulto saiba promover espaço e tempo para isto e dar licença para a criança descansar na sua brincadeira. Lembrando que a casa onde habitamos é o nosso porto seguro, o lugar onde encontramos aconchego e segurança.

Experimente oferecer um quintal para o seu filho!

Dri




quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O valor da educação

Ouvi o relato de uma pessoa que esteve uma temporada na Suíça,  sobre a atitude de um homem que, participando de um encontro de amigos, dirigiu-se ao local de bicicleta, esteve lá por algumas horas e antes de ir embora, ligou para sua esposa ir buscá-lo, pois havia bebido uma taça de vinho.
Seus amigos patriotas não demonstraram nenhum espanto, mas para algumas outras pessoas, beber vinho e ir embora pedalando são atitudes incompatíveis.
Ao ouvir este relato fiquei pensando no valor da educação e em como ela faz parte da nossa formação e nos acompanha vida afora.
Aquilo que é valorizado na educação de determinada cultura forma seus cidadãos. Assim como o que é valorizado em determinada família formará seus membros.
Minha filha de cinco anos recusou um convite para andar sem cinto de segurança no carro de um tio. Sua atitude fez-me avaliar nossa postura, enquanto pais, em relação à segurança dos pequenos e em como nos posicionamos frente a esta situação.
A formação consciente de valores, assim como a interiorização de leis e regras é um legado que podemos deixar aos nossos herdeiros, mas também é algo que não se constrói pela imposição nem somente através da palavra e muito menos com constantes exceções à regra.
Buscar a coerência na educação dos filhos é algo fundamental. E como nós, adultos, somos incoerentes! Como falamos muito e fazemos pouco! Como abrimos exceções!
Porém, o que é valorizado fica claro para os filhos, mesmo que não falemos a respeito disso. É absorvido pelas crianças, em sua busca constante de se tornar membro da família (como se já não fossem!). O que não é dito em palavras também é seguido e tido como exemplo aos olhos dos que nos observam 24 horas por dia!
Se queremos educar cidadãos, temos que ser um deles. Se queremos educar seres autônomos, temos que saber sê-lo.
Voltando ao exemplo do suíço, “se for dirigir, não beba” não pode ser apenas um slogan a ser repetido em rodas de amigos, mas deve ser uma atitude compreendida internamente pelo adulto, respeitada e seguida para que a criança possa internalizá-la.
Quantas vezes nós, brasileiros, tomamos uma cervejinha no fim de semana, reunidos à família e voltamos para casa dirigindo, com nossos filhos (que nos acompanharam durante todo o dia e viram o que estávamos fazendo!) no carro? E em outra ocasião repetimos a famosa frase de que se for dirigir não deve beber! Quando fazemos isto, ensinamos que não se respeitam leis que servem para nossa segurança e que, apesar da existência  delas, podemos transgredi-las!
O mesmo raciocínio e reflexão servem para outras regras de segurança. Já o que se refere a respeito, honestidade, educação ambiental e outros valores é algo mais complexo e mereceria ser tratado em outro texto.
Contudo, o que quisermos deixar de ensinamento para nossos filhos precisa começar por nós mesmos.
Dri

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Premiação e Castigo



É  muito comum os adultos utilizarem o recurso da premiação para reforçar uma atitude que consideram positiva no comportamento da criança.
Do mesmo modo, costumam castigá-la quando fazem algo errado ou que desagrada ao adulto.
Ando pensando nestas duas atitudes tão comuns entre pais e educadores. Elas são, sem dúvida, tentativas de corrigir o que não está bom no comportamento da criança e guiá-la na aquisição de atitudes que sejam importantes para seu crescimento, para a boa convivência social, assim como para manter a organização de um grupo.
Porém, questiono-me se todas elas levam a criança a adquirir consciência dos seus atos e a se responsabilizar por eles.
Piaget já havia escrito sobre a diferença entre castigo e sansão, dizendo que o castigo não é uma atitude educativa. Ao passo que sansão é aquela atitude que leva a criança a tomar consciência do que fez e se responsabilizar pelos seus atos.  Ou seja, é uma atitude educativa.
Nesse sentido, a premiação faz com que a criança se concentre em querer ganhar o prêmio, seu estímulo está em ser premiada e não em agir de acordo com as regras sociais ou do grupo ao qual pertence. Esta atitude é condicionada pelo prêmio que ganhará. Seu foco não está onde deveria e a premiação não a conduz para a construção da responsabilidade sobre seus atos.

O castigo puro e simples, a meu ver, resolve o problema do adulto. A criança é controlada pelo castigo ou pelo medo do mesmo. Este, assim como o primeiro, também não leva à consciência dos próprios atos.

Tanto o castigo quanto a premiação, deixam a criança dependente da avaliação de um adulto e, posteriormente, de alguma outra pessoa ou instituição, afastando, dela mesma, a responsabilidade da avaliação a respeito de suas atitudes.
Como então, ajudar a criança a agir de maneira adequada à convivência social?
Não há uma receita e é difícil classificar atitudes como corretas ou incorretas, sem avaliar as pessoas em questão e o contexto no qual estão inseridas. Porém, pode-se pensar, em linhas gerais, em atitudes, perguntas e conversas para se ter com a criança que a levem a refletir sobre o que fez e suas conseqüências.
Sofrer as conseqüências de um ato e contar com um adulto para ajudar na reflexão a respeito do ocorrido pode levar a um grande aprendizado. Porém, para isto, há que se ter tempo e paciência!
No fundo, o que todos queremos, é contribuir para o crescimento integral e saudável dos pequenos, mas precisamos encontrar os meios corretos para alcançar nossos objetivos.
Promover a criança, reconhecer seus esforços, descobrir qual o tipo de inteligência possui e valorizá-la, encontrar meios de levar o conhecimento até ela da forma como possa compreendê-lo, convidá-la a participar de atividades importantes para o adulto, pedindo-lhe ajuda verdadeira são algumas estratégias que ajudam os pequenos seres humanos a se descobrir, conhecer suas habilidades e aprender a viver socialmente. Do mesmo modo, deixar a criança perceber as conseqüências negativas de um “mau feito” também a ajuda a refletir sobre como viver em harmonia com seu grupo social, contribuindo com o mesmo.
Em um grupo de crianças é importante que todas possam ajudar o adulto em suas tarefas, que possam construir as regras da boa convivência social juntamente com o mesmo, que tenham sempre alguém para ajudá-las a refletir sobre o que fizeram , que sejam convidadas a achar solução eficiente para o que deu errado e que possam, de fato, participar do andamento do grupo no qual estão inseridas. Seja na família, seja na escola.
Dri 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

É preciso promover a criança

Aqui no México é muito comum ver mães andando nas ruas, fazendo compras no supermercado, escolhendo filme na locadora com filhos pequenos. Estes sempre estão atrás de suas mães, prestando atenção nelas, enquanto elas fazem o que precisam. No Brasil é o contrario, as crianças estão na frente das suas mães, sendo cuidadas pelas mesmas, que não tiram os olhos da criança e fazem de tudo para que se sintam bem e sejam prontamente atendidas.
A possibilidade de poder observar e analisar duas culturas distintas, me fez lembrar do excesso de cuidado e proteção que via, com freqüência, nos pais brasileiros. Com medo dos filhos caírem, não os deixavam correr, assim como os impediam de subir em árvores para que não se machucassem. Também presenciava, com freqüência, o sentimento de pena dos pais em relação ao sofrimento do filhos, quando se desentendiam com algum colega na escola  e tantas outras situações, nas quais o medo do sofrimento do filho fazia com que os pais impedissem-no de viver situações comuns da infância.  Assim como, a pena que sentiam de ver os filhos se frustrarem, por algum motivo, os faziam suprir a criança com outros objetos e/ou situações que pudessem lhe proporcionar prazer imediato.
Sempre gostei de perguntar a estes pais, quando havia oportunidade, sobre seus próprios medos. Você, pai e mãe, tem medo que seu filho seja incapaz de superar um sofrimento? Por que o choro da criança, ao se frustrar, o mobiliza tanto?
Estas e outras perguntas podem ajudar o adulto a chegar em um lugar que, talvez, ainda não tenha visitado.
Os filhos irão olhar para si mesmos do mesmo lugar de onde os pais olham para ele. Melhor dizendo, os filhos, inicialmente, vêem o mundo e a si mesmos, através dos olhos dos seus pais. Se os pais os vêem como pessoas indefesas, frágeis, vulneráveis, eles irão criar esta mesma imagem sobre si mesmos.
O contrario também acontece. Quando a família vê a criança como uma pessoa capaz de resolver problemas, de achar caminhos alternativos quando algo dá errado, quando entende que a criança pode aprender a cuidar de si mesma e de seus pertences através de pequenas situações diárias, a criança também irá entender o mesmo sobre ela.
É preciso promover a criança! Propor a ela situações nas quais possa exercitar sua autonomia da maneira que consegue, com suas capacidades e limitações. A criança sente-se muito bem, orgulha-se de si mesma, quando seus pais lhe delegam tarefas verdadeiras de ajuda nos afazeres domésticos e cotidianos, por exemplo. Quando ela sente que acreditam na sua capacidade, progride,  olhando para si com a mesma crença. Isto ativa sua auto-confiança, sua criatividade e seu interesse por si mesma e pelo mundo que a cerca. Também ajuda-a a compreender o significado da cooperação e a construir a capacidade de conviver socialmente.
É importante, para o crescimento dos filhos, que  os pais os vejam com a idade que têm e não sei por quais motivos há a tendência de infantilizar a criança, tratando-a sempre como menos capaz do que é. Este tipo de postura frente a criança, quando muito comum, gera na mesma atitudes ambíguas como ser de um jeito mais infantilizado em casa e mais maduro na escola. Por isto é tão comum os pais dizerem: “não sei o que acontece, mas em casa meu filho nunca dá conta das coisas que faz com facilidade na escola.”
Promover a criança significa delegar a ela aquilo que acreditamos que é capaz de fazer, sem cobranças excessivas e ao mesmo tempo sem infantilizá-la. Ela  sentem-se bem melhor nestas situações  que quando a protegemos sem necessidade. Portanto, se estamos caminhando com nossos filhos, a fim de ajudá-los a crescer e se desenvolver, é preciso promovê-los!
Dri

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Os estímulos para a infância

Tenho escrito muito sobre a cobrança social e o mercado de consumo porque vejo uma onda espessa e sempre crescente assombrando os pais atuais, no sentido de dizer-lhes como criar seus filhos e o que devem fazer para que esta função cumpra seus objetivos.

Desde que um casal engravida, começam as sugestões, quase obrigatórias, de quais livros ler, o que comprar para o enxoval do bebê, quais cursos deve fazer para se preparar para amaternidade e paternidade e assim por diante.

Há pouco tempo tive a oportunidade de ouvir uma nova mamãe (ainda grávida) contar tudo o que lhe disseram ser necessário para esperar o nascimento do bebê. Onde comprar os produtos, quais as marcas mais indicadas, a quantidade de cada coisa, etc. O curioso foi que a maioria dos aparatos necessários eram supérfluos e serviam para deixar a mãe livre de algumas de suas funções maternas, alem de liberá-la da deliciosa oportunidade de estar com sua cria.

Este mercado gigantesco de produtos a serem consumidos, para uma “educação de qualidade”, não para de crescer e parece não ter fim. Atrelado a ele vem a perigosa idéia de como garantir o sucesso dos filhos. Muitas aulas esportivas e artísticas, em lugares determinados, que caem na graça dos pais, farão da criança uma pessoa de sucesso, bem estimulada. Aliás, a palavra estímulo nunca falta, quando se trata da educação. E o que seria um bom estímulo? Há um termo técnico, nunca mencionado, mas sabido por muita gente, que é hiperassimilação. Em linhas gerais, significa que a pessoa assimila muitas coisas do meio, porém não pode se apropriar das mesmas devido ao excesso! Atualmente,a várias crianças sofrem deste mal!

Uma vez pescado por esta corrente mercadológica da educação-para-o-profissional-de-sucesso torna-se difícil enxergar o próprio filho. Antes disso, a visão para dentro de si mesmo torna-se turva, desfocada. Muitos pais atuais têm dificuldade de olhar para seus filhos, ocupados que estão em buscar, em seu meio social, o que devem fazer em cada etapa. Assim sendo, quando a criança apresenta um comportamento autêntico, ou sequer diferente do que haviam programado para ela, é vista como uma criança problema. No mínimo, interpretam que precisa da ajuda de um profissional, a fim de adquirir o que foi planejado para seu desenvolvimento. Nesta perspectiva, toda criança moderna precisa saber nadar, tocar um instrumento musical, dançar balet, se for menina e jogar futebol, se for menino, falar inglês aos três anos de idade, ler e escrever antes dos 6, dormir sem a presença dos pais, e por aí vai uma infinidade de comportamentos adequados e necessários.

Onde estaria o tão perseguido sucesso? No futuro? Na carreira? O que se espera para o filho é bom para ele ou para os próprios pais? Quando algum comportamento sai diferente do esperado, significa que houve uma falha na educação? O que dizer das crianças indomáveis por natureza? O que dizer daquelas que só conseguem fazer aquilo que tem sentido para elas e não se adaptam a situações programadas por adultos que estão distantes de seu universo infantil?

Estas crianças são as mais capazes de nos dizer o que é ser criança e o que uma criança realmente precisa. Para ilustrar, quero lembrar as inúmeras meninas, de 3 e 4 anos, que querem ser bailarinas! Não é raro uma menina querer ser bailarina. Isto está no imaginário das mulheres e é transmitido de geração em geração. Há magia na bailarina, em sua sapatilha de ponta, em seus rodopios e em seu saiote de tule. Pois bem, as meninas que manifestam empatia ou até mesmo uma identificação com esta personagem necessitam, mais que tudo, a oportunidade de desempenhar este papel, tal qual está em seu imaginário. Um par de sapatilhas, fantasias de tule e véus, confeccionados amadoramente, deixam qualquer criança pronta para ser a melhor bailarina de todos os tempos! Querer ser bailarina com 3 ou 4 anos nem sempre diz de querer ser uma profissional da dança. A menina-bailarina precisa de espaço e tempo para se desenvolver. Precisa do olhar delicado da família para valorizar sua imaginação.

Não é raro escutar pais e mães contando, perplexos, que suas filhas pediram muito para dançar balet, mas fazem algazarra durante as aulas e/ou não desenvolvem a coreografia programada no dia do festival! Estas crianças não têm um problema. Apenas são crianças necessitando exercitar sua criatividade, seu conhecimento de mundo e a busca por saber quem elas são. Ao contrário do que interpretaram sobre elas, precisam ser a bailarina que desejam, que conseguem compreender e não de aulas de balet para formar bailarinas.

A vida em família e a vida de uma criança pode ser mais simples e ao mesmo tempo mais profunda que o mercado de consumo nos propõe. Basta estarmos conectados conosco, atentos ao desenvolvimento dos nossos filhos, à sua maneira de ser e à própria infância. Assim estando, pode-se descobrir que os melhores estímulos para uma criança crescer feliz e se desenvolver bem estão na simplicidade da brincadeira tradicional, da convivência familiar e social.

Dri

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

3º Festival de Brincadeiras de Rua


3º FESTIVAL DE BRINCADEIRAS DE RUA

DIA 24/09/2011, DE 10:00 ÀS 12:00,
NA RUA CAMPANHA, BAIRRO CARMO EM BELO HORIZONTE.
ESTÃO TODOS CONVIDADOS!