quinta-feira, 31 de maio de 2012

Honestidade e coerência

“Se você fosse ele, teria feito a mesma coisa, não é?" Esta foi a frase que uma de minhas filhas me disse, referindo-se à atitude do personagem principal do livro O Pote Vazio, de Demi.

A história conta que o Imperador da China, na tentativa de escolher seu sucessor, distribuiu a todas as crianças chinesas uma semente especial, dizendo que, quem provasse que havia feito o melhor possível dentro de um ano, seria seu sucessor. Ping, o personagem principal, passou todas as estações do ano cuidando dedicadamente de sua semente, mas ela não germinou. Então, no dia marcado, ele levou um pote vazio para ser apresentado ao Imperador, enquanto todas as outras crianças daquele país levavam seus vasos com flores lindas e bem cuidadas. Para a surpresa de todos, o Imperador escolheu Ping como seu sucessor, pois havia dado uma semente queimada a cada criança e diante daquele que lhe havia levado a verdade, sentiu-se seguro de sua escolha.
Estávamos conversando sobre honestidade, dedicação e responsabilidade e minha filha estava segura de que eu, sua mãe, possuía estas características.

Sua frase teve um efeito muito profundo em mim, pois colocou-me diante da real responsabilidade sobre a formação de seus valores. Ela não duvidou dos meus atributos, não me disse que poderia fazer o mesmo nem mencionou outra pessoa. Era sua mãe a que sabia agir da mesma forma que o Imperador da China!
Fiquei pensando na importância da honestidade e coerência em nossos atos. Honestidade em admitir falhas e erros perante nossos filhos, honestidade em pedir perdão quando falhamos com eles, honestidade para consertar o que fizemos mal feito, para voltar atrás em alguma escolha equivocada. Honestidade para admitirmos fraquezas e limitações, mesmo que seja um simples: “hoje não estou com vontade de fazer isto com você. Quem sabe podemos fazê-lo um outro dia?” Honestidade também para admitirmos que não sabemos tudo e que não somos donos da verdade e aceitar que nossos filhos possam fazer escolhas diferentes das nossas. Honestidade também nos argumentos que sustentam nossas escolhas!

Coerência em nossas atitudes. Que elas possam exemplificar e reforçar tudo o que lhes transmitimos verbalmente.  E como isto, às vezes, é tão difícil!

Quantas vezes falamos, por exemplo, que se deve atravessar a rua na faixa de pedestres e eles nos vêem atravessando no meio da rua? E em lugar de admitir nosso erro, damos uma desculpa como, por exemplo: “é porque agora estou com pressa e não quero que você se atrase para o cinema!”.  Ou ainda nos ouvem falar sobre as leis de trânsito e ao mesmo tempo atender o celular enquanto estamos dirigindo.

As crianças estão conectadas em seus pais 24 horas por dia e 365 dias por ano. Somos seu exemplo, nos seguem e nos têm, até certa idade, como as pessoas mais sábias e corretas do mundo!
Um dos lados mais bonitos da maternidade e da paternidade é este, superarmo-nos, buscarmos incansavelmente nosso desenvolvimento pessoal, a fim de contribuir com o crescimento e o desenvolvimento dos nossos filhos. E que bom que eles existem em nossas vidas!

Dri




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Projeções (2ª parte)

Gostaria de sugerir um ponto de partida para a investigação pessoal de cada um, a respeito de suas possíveis projeções: comece pela análise da própria infância social e particularmente falando. Como era a época em que viveu? O que acontecia na sociedade da qual fez parte? Quais eram as crenças no país onde vivia? O que se fazia naquela época? O que as crianças faziam? Como se sentia diante de tudo isto? Pontos de partida...
A criança que fomos pode nos ajudar a nos aproximarmos de nós mesmos a fim de definirmos onde queremos chegar e o que esperamos de nós como pais. Esta reflexão, se feita de forma profunda, responsável e amorosa nos leva a compreender quais são nossos verdadeiros valores, o que buscamos e o que temos para oferecer. Assim, já temos meio caminho andado para não nos perdermos frente a tantas teorias vendidas pelo mercado de consumo.
Quando não colocamos atenção ao que é devido, projetamos sobre nossos filhos nossas próprias angústias e medos e deixamos de enxergá-los. Fazemos isto de forma totalmente inconsciente, mas é preciso estar mais atento. Precisamos aprender a discernir o que é nosso e o que é somente dos nossos filhos.
Quantos medos temos quando nos tornamos pais? Medo de que o filho não tenha amigos, medo de que o filho caia e se machuque, medo de que ele precise de algo e o adulto que estiver com ele não saiba, medo de que adoeça, medo de que não leia, medo de que seja rejeitado, medo disto e daquilo. Somos capazes até de inventar situações que não existem por causa dos nossos medos! É preciso que se compreenda que estes medos são nossos e que na maioria das vezes as situações que projetamos são frutos da nossa cabeça, não existindo, necessariamente, na vida das crianças.
Por exemplo, alguém que já passou por uma rejeição na escola, no período da infância e que ficou marcado por isso, facilmente pode se ver assombrado pelo medo de o filho passar pelo  mesmo. Assim, procura no ambiente de seu filho possíveis situações que possam levá-lo a ter a mesma experiência e tentam evitá-las. Porém, sem perceber que está fazendo uma projeção, ou seja, que está colocando na vida do filho algo que ocorreu com ele mesmo, começa a criar situações que não existem, tenta evitar algo que não irá acontecer necessariamente.
É importante analisarmos nossos medos, pensar sobre nossas escolhas de maneira crítica, pois além de nossas próprias projeções, inerentes à maternidade/paternidade, vivemos em uma sociedade capitalista que mercantiliza a criança, oferecendo - a ela e a  sua família - necessidades que não possuem, serviços dos quais não necessitam. Isto tira do foco a maioria dos pais da atualidade, fazendo com que deixem de olhar para seu filho e passem a olhar para produtos e serviços oferecidos.
Por fim, fica o convite (mais uma vez aqui neste blog) de voltar o olhar para dentro de si mesmo e de seu filho.
Dri

terça-feira, 8 de maio de 2012

Projeções (1ª parte)

Desde que se tem a notícia de que um bebê está a caminho, os novos pais começam uma trilha rumo ao sucesso (vou chamar assim) da paternidade/maternidade. Melhor dizendo, a pessoa se transforma com a notícia e rapidamente se imbui da responsabilidade de realizar, da melhor maneira possível, esta nova função. Este suposto sucesso _ que acaba sendo traduzido como o “sucesso” do próprio  filho_  serve como um troféu, indicativo de dever cumprido, de competência paterna/materna. Muitas vezes este mesmo troféu, alvo do olhar e orgulho dos pais, cega! Cega em relação às necessidades reais da criança, ao desenvolvimento integral e saudável da mesma, às suas capacidades e à sua essência.

A fim de cumprir bem seu dever de pai/mãe, a pessoa começa a olhar para um lugar chamado “aquilo que eu gostaria que meu filho fosse”. Como se pode perceber, este lugar possui duas características marcantes. A primeira é a da particularidade: muda de pessoa para pessoa e a segunda é a de que no começo ele está vazio. Para preenchê-lo, para completá-lo, os novos pais começam uma jornada inconsciente rumo à sua infância, ao seu interior, às suas frustrações e experiências próprias. E a criança? Fica ali, à mercê das projeções de seu pai e de sua mãe.

Projeção é o que fazemos com as pessoas em nossa vida, quando colocamos nelas, ou seja, do lado de fora de nós, o que está do lado de dentro. Um jeito bem simples de compreender este conceito é com o clássico e banal exemplo de quando, sem conhecer uma pessoa, dizemos que ela é “antipática” ( ou qualquer outro adjetivo que usamos para definir alguém sem conhecê-lo!). Como sabemos que uma pessoa que não conhecemos pode ser antipático, burro, muito inteligente, inovador ou qualquer outra coisa? Não sabemos, projetamos! Podemos projetar na pessoa uma característica que possuímos e não gostamos de ver em nós mesmos; assim como podemos projetar também algo que sempre buscamos lograr, mas que, segundo nosso próprio julgamento, não conseguimos.
Voltando ao tema da paternidade/maternidade, é comum olhar para o seu bebê e colocar nele várias características que ele não tem, mas que por projeção, reconhecemos no mesmo. Por exemplo, sempre escutei de pais de crianças entre 1 e 2,5 anos dizerem, com uma dose de orgulho, que o filho “tem a personalidade forte”. Quando pedia que me explicassem o que era “personalidade forte”, ouvia de todos a mesma coisa _ criança que quer ver seus desejos atendidos, que não se dobra com facilidade. Porém, crianças desta faixa etária, têm como característica a “personalidade forte” mesmo. Não é pessoal, é universal, ou seja, esta característica, em determinada faixa etária, é parte do desenvolvimento da inteligência e não diz respeito à força ou fraqueza da personalidade de nenhum sujeito. Porém, sob o olhar particular dos pais, não é assim. E esta projeção começa a definir algumas coisas dentro da dinâmica familiar e das relações entre pais e filhos.
Para minimizar os efeitos das projeções e conseguir estabelecer relações mais saudáveis com os filhos, precisamos estar atentos a dois pontos muito importantes. O primeiro refere-se ao que se projeta sobre os filhos. Quanto menos reflexão fazemos sobre nós mesmos, quanto menos investigamos nossas projeções, maiores elas serão. Esta investigação e reflexão levam à uma maior consciência dos nossos atos, mas é importante saber também, que não nos relacionamos sem projetar. Não podemos deixar de fazê-lo, porém quando temos cuidado de investigar e mantermo-nos atentos, deixamos nossos filhos mais livres para crescer e se desenvolver.

Dri




segunda-feira, 7 de maio de 2012

Semana de Festa, no CRESCE! Cortejo para o Cruzeiro da Água, teatro, cinema e muito mais!


Essa semana vai ser pequena, para tantos acontecimentos! 
Entre os dias 7 e 12 de maio, o CRESCE celebra a vida, a comunidade, a cultura e a troca! Venha! 

Dia 8/5 terça feira
18h30 Musicalização para crianças - ensaio para o cortejo Cruz de Fechos e coroação de Nossa Senhora.
19h20 Ocê na Cozinha - refeição saudável e coletiva.
20h Musicalização adultos - ensaio para o cortejo.  

Dia 10/5 quinta feira
18h30 Cinema no Ponto - exibição de três produções com o tema: água (Neste dia não haverá atividades em inglês, mas todas as crianças devem comparecer normalmente).
19h20 ensaio dos adultos para o cortejo (não haverá aula de pandeiro neste dia).
20h estréia do espetáculo ORATÓRIO (a saga de Dom Quixote e Sancho Pança) em frente ao CASA, na rua do CRESCE, mesmo.

Dia 11/5 sexta feira
20h15 Benção da Cruz de Fechos na missa de Nossa Senhora de Fátima
21h Festa de Fátima na rua (Av. Vênus, 140 - Vale do Sol)

Dia 12/5 sábado
16h concentração para o cortejo CRUZ de FECHOS no Trevo Vale do Sol/ Pasargada/Morro Chapéu
19h Procissão de Nossa Senhora de Fátima e Missa
20h Coroação de Nossa Senhora de Fátima
21h Festa na rua com barraquinhas e música

Dúvidas? 8689-4252

terça-feira, 24 de abril de 2012

Leitura, uma boa atividade

Hoje se comemora o Dia Internacional do Livro e o aniversário de morte de alguns escritores imortais como Cervantes e Shakespeare. Esta data me inspirou escrever sobre a importância do hábito de leitura!

Não há quem negue que ler é bom, é ótima atividade, mas apesar disto, continuamos sendo um país de poucos leitores (tanto Brasil quanto México!). Então, o que será que acontece?

A prática é a melhor maneira de transmitir um valor ou ensinamento: ou seja, dando o exemplo. Quantas vezes sugerimos aos nossos filhos que leiam, mas eles nunca nos vêem lendo?  

Em Belo Horizonte há uma biblioteca muito bacana, a Biblioteca Pública infanto-juvenil, que promove cursos, oficinas e possui um grande número de títulos adequados para todas as idades. Possui uma programação mensal, divulgada por correio eletrônico também, além de ser bastante acessível e fácil de se associar. A criança pode ter sua própria ficha e aprender a fazer os empréstimos e devoluções de livros. Este é um bom hábito e uma excelente atividade para todas as idades e ocasiões!
 
Aqui em Tijuana, a biblioteca infantil do Centro Cultural de Tijuana – CECUT, promove semanalmente a troca de livros, na qual as crianças levam seus livros para serem trocados com outras crianças. Além de boa economia, este é também um bom recurso, pois os pequenos aprendem, desde cedo a compartilhar, trocar e desfrutar dessa maravilhosa atividade que é a leitura! Quem gostou da idéia pode iniciar a troca aí também!

Dri

terça-feira, 17 de abril de 2012

Televisão x Relação Familiar e Afetiva

A coluna dorsal do projeto do CLIC é a brincadeira, a interação e a cultura. Não é à toa que sempre se fala sobre isto nas reuniões de pais, nos encontros de famílias e aqui mesmo, neste blog. A preocupação com a saúde da infância e sua preservação não é somente nossa. Que bom! Não somos nós os únicos que nos dedicamos a juntar o maior número de pessoas em prol de uma infância saudável. O Instituto ALANA, por exemplo, busca despertar a consciência crítica da sociedade sobre práticas de consumo de produtos e serviços por crianças e adolescentes. Luta para minimizar os impactos negativos causados pela mercantilização da infância e da juventude.
A pedido deste instituto, o Conselho regional de Medicina de São Paulo publicou um parecer técnico contra-indicando programas de televisão para menores de três anos. Este parecer pode ser conferido neste endereço:
Um dos argumentos utilizados no documento é o de que a criança pequena precisa de relações afetivas para se desenvolver, além da necessidade de ter “experiências reais”, como está escrito no mesmo documento.
O que eles estão falando é que as crianças precisam de relação e interação. Precisam que se olhe em seus olhos, que sejam incluídas nas atividades familiares, que sejam consideradas no planejamento da rotina e dos programas familiares.  E que não é uma boa opção entregá-las a uma babá eletrônica, na fase em que necessitam do contato com pessoas.
A criança pequena aprende interagindo com o meio, mexendo nas coisas, levando-as à boca, subindo e descendo  degraus, bancos e pequenas alturas, puxando e empurrando objetos, colocando e tirando coisas de dentro de caixas, gavetas e o que mais encontre pela frente. Cabe aos adultos saber oferecer a elas materiais adequados para que possam exercitar sua inteligência. A televisão não lhes oferece nada do que precisam!
Tive uma experiência muito interessante no mesmo dia em que li sobre a matéria deste parecer técnico mencionado acima. Levei uma de minhas filhas à dentista e  chegamos ao consultório junto com a doutora, que estava entrando com duas filhas, de 8 e 5 anos e um bebê de 10 meses. Quando vi a cena pensei: como irá trabalhar com toda a família?
Pois aprendi que é possível conciliar, perfeitamente, família e trabalho. Ao lado da sala de atendimentos, havia outra pequena sala com mesa e cadeiras tamanho infantil, caderninhos para desenhar e colorir e alguns brinquedinhos de bebê. Para lá se dirigiram as duas crianças maiores, enquanto a mãe foi para o consultório. A consulta começou normalmente, enquanto o bebê dormia em um bebê-conforto, na mesma sala onde estávamos. Quando ele acordou, ela  nos pediu um minutinho, foi carinhosamente vê-lo, tirou-o de sua cadeirinha e o levou, juntamente com uma bolsa cheia de coisas, para a sala onde estavam suas irmãs. Estas brincaram com ele e o alimentaram enquanto minha filha era muito bem atendida e orientada na sala ao lado. Passados uns minutos o pai foi buscar as crianças e levá-las para casa, enquanto a mãe terminava seu trabalho.
Fui para casa pensando em como podemos fazer arranjos familiares que unem a família, atenda bem às crianças sem que sejam colocadas no lugar de incapazes. Quantas vezes os adultos acreditam que são responsáveis pela alegria das crianças e seu entretenimento? Preocupam-se em diverti-las todo o tempo, como se não soubessem fazer isto sozinhas e  em grande parte dos casos encontram na televisão uma boa aliada, pois a criança se mantém quieta, enquanto o adulto termina seus afazeres.  Este, porém, se esquece das necessidades reais dos pequenos, de suas capacidades e de que há mil e uma maneiras de oferecer-lhes situações e materiais adequados à sua criatividade, aos seus jogos motores e simbólicos e à sua diversão.
Admirei a cena que presenciei no consultório dentário. A calma da mãe, a organização da família e a tranqüilidade e harmonia das crianças. Não acredito que isto aconteça todos os dias, mesmo porque as crianças vão à escola e participam de outras atividades, mas ficou claro que há muitas maneiras de  organizar os membros de uma família onde todos se respeitam, se ajudam e onde a relação afetiva é predominante.
Dri     

terça-feira, 10 de abril de 2012

Respeitar o ritmo de cada um

“Respeitar o ritmo de cada um” é uma frase muito ouvida e lida em muitos textos e livros. Mas o que realmente significa isto? Como respeitar o ritmo de uma criança que não caminha nos passos de seus colegas? Respeitar o ritmo deixa a criança atrasada?

Durante o desenvolvimento humano, cada pessoa caminha em seu passo. E o ritmo do passo depende de inúmeros fatores, dentre eles está a maturação do organismo e a maneira como a pessoa é criada. Quando muito protegida, sente dificuldade em lidar com desafios e diversidade. Ao passo que, quando muito desprotegida, sente-se por vezes insegura e pode reagir com uma aparente bravura, porém no fundo sentir-se muito desamparada.

Entendo respeitar o ritmo de cada um como oferecer as condições necessárias para que aquele organismo possa se desenvolver integralmente. Para isto, temos que lembrar que dentro de nós existe um espaço que é o das emoções, dos afetos e da disposição do próprio organismo para receber novas informações em determinado momento. Conheci uma criança de três anos que falava o abecedário completo e em ordem, escrevia seu nome completo e _ pasmem!_ “recitava” o teorema de Pitágoras. Porém, isto não significa que ela era conhecedora do assunto. Seu espaço interno, não estava preparado para digerir tais informações. Assim, apesar de repetir as informações dadas, não tinha o que fazer com elas.

Para respeitar o ritmo de uma criança, ou seja, para apoiá-la em seu desenvolvimento integral a fim de ajudá-la a crescer é preciso primeiro conhecê-la. Também é preciso conhecer sobre o desenvolvimento infantil. Pais, tios, avós e outras pessoas leigas podem fazer isto observando a criança e conversando com a mesma. Nestas situações podemos conhecer muito sobre seu universo, como pensam e a partir de que ponto agem. Já professores de diversas áreas e educadores em geral, têm o dever de estudar sobre o desenvolvimento infantil, a fim de propor situações adequadas aos seus pupilos. Esta já é a segunda parte de “respeitar o ritmo de cada um”.

Depois de conhecer as crianças, para aproximá-las do conhecimento necessitamos oferecer-lhes as situações adequadas. Em uma turma de 20 alunos vocês crêem que todos reagirão a uma mesma situação de maneira semelhante? Claro que não! Neste sentido, se o tema está de acordo com o universo da criança, porém ela sente dificuldade de dominá-lo é porque o adulto não soube oferecer-lhe situações adequadas, capazes de levá-la a aprender o que está sendo proposto, ou talvez ela não tenha tido tempo suficiente para assimilar o novo. Neste caso, o adulto responsável por desenvolver o assunto, deve buscar outros meios e estratégias que falem diretamente a quem está com dificuldade e dar-lhe o tempo necessário para entrar em contato com a nova informação. Sob este ponto de vista, não se pode montar um currículo cheio de temas a serem desenvolvidos em pouco tempo. Existe um processo que acontece dentro de nós de maneira que o organismo precisa assimilar, acomodar e equilibraruma informação nova, para depois se apropriar da mesma. Explicando de maneira simples, é como a digestão: primeiro mastigamos, ou seja, entramos em contato com uma nova informação, depois engolimos, o equivalente a colocar esta informação para dentro, em contato com outras que já dominamos, com tudo o que conhecemos e por fim, a digestão em si, que seria acomodar a informação nova ao que já temos construído como conhecimento e assim, somar a estes com propriedade. Neste momento, quando falamos sobre o assunto, não estamos repetindo a informação dada e sim, falando o que entendemos, incluindo nossos conhecimentos prévios, nossa história e nossa forma particular de ver as coisas.A aprendizagem está diretamente relacionada à autonomia! Mais importante que dar informações (que, afinal, podem ser buscadas em várias fontes sem necessidade de ajuda) é ajudar o organismo a pensar com autonomia.

Gosto muito do caso de um amigo do CLIC que, com seis anos de idade, bateu à porta da diretora de sua nova escola para reivindicar sua mudança de turma. Ele estando em desacordo com uma atitude da direção, reuniu argumentos e soube exatamente a quem procurar. Esta criança hoje já é grande e continua muito bem desenvolvida e autônoma, fazendo diferença entre os seus.

Não importa a fase do desenvolvimento que se encontra a criança, a compreensão deste processo e a maneira de agir são as mesmas. Ou seja, durante o processo de aprendizagem, precisamos respeitar o ritmo do indivíduo o que significa conhecê-lo, respeitar seu espaço interno, acolhê-lo, oferecer-lhe situações de aprendizagem adequadas e caminhar a seu lado, apoiando-o no que necessita.

Dri