Gostaria de sugerir um ponto de partida para a investigação pessoal de cada um, a respeito de suas possíveis projeções: comece pela análise da própria infância social e particularmente falando. Como era a época em que viveu? O que acontecia na sociedade da qual fez parte? Quais eram as crenças no país onde vivia? O que se fazia naquela época? O que as crianças faziam? Como se sentia diante de tudo isto? Pontos de partida...
A criança que fomos pode nos ajudar a nos aproximarmos de nós mesmos a fim de definirmos onde queremos chegar e o que esperamos de nós como pais. Esta reflexão, se feita de forma profunda, responsável e amorosa nos leva a compreender quais são nossos verdadeiros valores, o que buscamos e o que temos para oferecer. Assim, já temos meio caminho andado para não nos perdermos frente a tantas teorias vendidas pelo mercado de consumo.
Quando não colocamos atenção ao que é devido, projetamos sobre nossos filhos nossas próprias angústias e medos e deixamos de enxergá-los. Fazemos isto de forma totalmente inconsciente, mas é preciso estar mais atento. Precisamos aprender a discernir o que é nosso e o que é somente dos nossos filhos.
Quantos medos temos quando nos tornamos pais? Medo de que o filho não tenha amigos, medo de que o filho caia e se machuque, medo de que ele precise de algo e o adulto que estiver com ele não saiba, medo de que adoeça, medo de que não leia, medo de que seja rejeitado, medo disto e daquilo. Somos capazes até de inventar situações que não existem por causa dos nossos medos! É preciso que se compreenda que estes medos são nossos e que na maioria das vezes as situações que projetamos são frutos da nossa cabeça, não existindo, necessariamente, na vida das crianças.
Por exemplo, alguém que já passou por uma rejeição na escola, no período da infância e que ficou marcado por isso, facilmente pode se ver assombrado pelo medo de o filho passar pelo mesmo. Assim, procura no ambiente de seu filho possíveis situações que possam levá-lo a ter a mesma experiência e tentam evitá-las. Porém, sem perceber que está fazendo uma projeção, ou seja, que está colocando na vida do filho algo que ocorreu com ele mesmo, começa a criar situações que não existem, tenta evitar algo que não irá acontecer necessariamente.
É importante analisarmos nossos medos, pensar sobre nossas escolhas de maneira crítica, pois além de nossas próprias projeções, inerentes à maternidade/paternidade, vivemos em uma sociedade capitalista que mercantiliza a criança, oferecendo - a ela e a sua família - necessidades que não possuem, serviços dos quais não necessitam. Isto tira do foco a maioria dos pais da atualidade, fazendo com que deixem de olhar para seu filho e passem a olhar para produtos e serviços oferecidos.
Por fim, fica o convite (mais uma vez aqui neste blog) de voltar o olhar para dentro de si mesmo e de seu filho.
Dri
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