Há algum tempo atrás, um amigo meu, pai zeloso e dedicado, em uma conversa sobre a felicidade e o cansaço que a paternidade imprime na vida de alguém, disse que havia encontrado o negócio perfeito para atender pais e filhos: montar um "scoth-baby". Seria uma espécie de bar que funcionaria 24 horas servindo aos pais, ávidos por um momento social, um uisquinho ou um chope, enquanto seus filhos brincariam em outro espaço cuidados por monitores dedicados.
Outro dia, vi um ramister dentro de uma casinha super colorida, cheia de tubulações de plástico transparente, com subidas e descidas que incentivavam o bichinho a se exercitar e, quem sabe, ter a impressão de não estar preso.
Não pude deixar de relacionar a tal casinha aos espaços oferecidos às crianças pequenas nos bufês de festa infantil e nos centros de compras. Nem de lembrar, com pesar, de meu amigo que pensava ter encontrado o negócio de ouro.
Mal sabia ele, pai recente, que a indústria do consumo já tinha se antecipado e criado “scoth-babies” no mundo inteiro. Aparentemente nada poderia parecer estranho. Tais espaços se dizem apropriados para a infância, pois oferecem recreação e encontro entre crianças de uma mesma faixa etária, enquanto os pais podem recrear e se encontrar com pessoas da mesma da mesma idade, garantindo assim diversão para todos.
Um olhar mais atento aponta para as falhas dessa concepção de diversão. São pequenos mundo artificiais, que distanciam a criança dela mesma, que roubam-lhe a riqueza da criação e da imaginação e da construção. Experiências rápidas. Excesso de cores, de plástico, de música. Crianças correndo de um lado para outro sem tempo para elaborar as experiências vividas. Excitação que quase se pode pesar. Brinquedos giratórios que rodopiam até que a criança perca a noção de onde está o próprio nariz. Encontros que não se efetivam. Relações que não se estabelecem. Nesses ambientes a criança é “olhada” por um estranho que a conduz para experiências velozes, sem orientá-la. Enquanto os pais podem cuidar de si mesmos garantindo um momento de sossego junto aos amigos.
Perdemos a noção da simplicidade. Perdemos o hábito da reflexão, da quietude meditativa. A contemporaneidade imprimiu em nós um ritmo acelerado e é difícil percebermos o que estamos deixando de herança para nossos filhos. A criança é simples e precisa de tempo para conhecer mundo. Precisa que o adulto conduza com braços fortes e afetuosos pelos caminhos da cultura.
Precisamos devolver para nossas crianças a capacidade de sonhar, de desejar o impossível, de criar, de errar, de viver momentos de ócio, como aqueles em que Narizinho elaborava todas as aventuras do Sítio do Pica Pau Amarelo.
Outro dia, vi um ramister dentro de uma casinha super colorida, cheia de tubulações de plástico transparente, com subidas e descidas que incentivavam o bichinho a se exercitar e, quem sabe, ter a impressão de não estar preso.
Não pude deixar de relacionar a tal casinha aos espaços oferecidos às crianças pequenas nos bufês de festa infantil e nos centros de compras. Nem de lembrar, com pesar, de meu amigo que pensava ter encontrado o negócio de ouro.
Mal sabia ele, pai recente, que a indústria do consumo já tinha se antecipado e criado “scoth-babies” no mundo inteiro. Aparentemente nada poderia parecer estranho. Tais espaços se dizem apropriados para a infância, pois oferecem recreação e encontro entre crianças de uma mesma faixa etária, enquanto os pais podem recrear e se encontrar com pessoas da mesma da mesma idade, garantindo assim diversão para todos.
Um olhar mais atento aponta para as falhas dessa concepção de diversão. São pequenos mundo artificiais, que distanciam a criança dela mesma, que roubam-lhe a riqueza da criação e da imaginação e da construção. Experiências rápidas. Excesso de cores, de plástico, de música. Crianças correndo de um lado para outro sem tempo para elaborar as experiências vividas. Excitação que quase se pode pesar. Brinquedos giratórios que rodopiam até que a criança perca a noção de onde está o próprio nariz. Encontros que não se efetivam. Relações que não se estabelecem. Nesses ambientes a criança é “olhada” por um estranho que a conduz para experiências velozes, sem orientá-la. Enquanto os pais podem cuidar de si mesmos garantindo um momento de sossego junto aos amigos.
Perdemos a noção da simplicidade. Perdemos o hábito da reflexão, da quietude meditativa. A contemporaneidade imprimiu em nós um ritmo acelerado e é difícil percebermos o que estamos deixando de herança para nossos filhos. A criança é simples e precisa de tempo para conhecer mundo. Precisa que o adulto conduza com braços fortes e afetuosos pelos caminhos da cultura.
Precisamos devolver para nossas crianças a capacidade de sonhar, de desejar o impossível, de criar, de errar, de viver momentos de ócio, como aqueles em que Narizinho elaborava todas as aventuras do Sítio do Pica Pau Amarelo.
Luciana Borges
Coordenadora do CLIC!
Ótimo texto.
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